Título: A mais pesada burocracia tributária
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/11/2007, Economia, p. 46

País é o que exige maior tempo das empresas para calcular impostos.

SÃO PAULO. As empresas brasileiras consomem, em média, 2,6 mil horas por ano para cumprir com suas obrigações tributárias, o que coloca o país no último lugar entre 178 nações analisadas pela edição 2008 do estudo "Paying Taxes", elaborado pelo Banco Mundial e pela PricewaterhouseCoopers e divulgado ontem em São Paulo. São cerca de 325 dias gastos por um funcionário, trabalhando 40 horas semanais. A Ucrânia é outro país onde se gasta mais de 2 mil horas (2.085) nessa tarefa. Já na Inglaterra, são gastas 105 horas para o cumprimento das obrigações com o Fisco.

Os dez primeiros colocados na classificação geral, considerando o custo dos impostos, a quantidade e o tempo gasto na execução dos procedimentos necessários à apuração e ao recolhimento dos tributos, são: República das Maldivas, Cingapura, Hong Kong, Emirados Árabes Unidos, Omã, Irlanda, Arábia Saudita, Kuwait, Nova Zelândia e Kiribati. Nesse ranking, o Brasil ocupa a 137ª posição.

Em relação à carga tributária, o Brasil está em 158º lugar, com 69,2% do lucro líquido consumido pelos impostos. O peso maior nesse item fica por conta das contribuições incidentes sobre a folha de pagamento, que representam 40,6% do total. Quando a comparação leva em conta o número de impostos pagos, o Brasil sobe no ranking. Com um total de 11 taxas, o país fica na 24ª posição, à frente dos principais rivais emergentes, como China (35), Índia (60), Rússia (22) e Argentina (19).

Comparando as economias do Bric, o sistema tributário brasileiro (137ª) só é pior que o da Rússia (130ª). Fica à frente de Índia (165ª) e China (168ª). Para o chefe da área tributária da PricewaterhouseCoopers, Carlos Alberto Iacía, o sistema brasileiro está ultrapassado não pelo número de impostos, mas por sua forma de incidência. Nos sistemas mais modernos, explicou Iacía, a cobrança é feita sobre a renda e a circulação de mercadorias, não sobre capital e receita, como ocorre no Brasil.