Título: Petrobras: GNL dá 'segurança energética' ao Rio
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 24/11/2007, Economia, p. 47

Estatal obtém licença para unidade de gás líquido, mas demanda mundial é desafio para cumprir cronograma.

Com a licença de instalação entregue ontem, acabaram-se os entraves para a Petrobras instalar, na Baía de Guanabara, seu terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) e o duto submarino que será responsável pelo transporte do produto até a estação de compressão em Campos Elíseos, na Baixada Fluminense. A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Graça Foster, disse que a empresa vinha sonhando com essa licença para garantir "a segurança energética do estado". A unidade está prevista para maio de 2008.

O Estado do Rio sofreu, no fim do mês passado, com um corte feito pela Petrobras no fornecimento de gás para CEG e CEG-Rio, restabelecido por liminar. O uso do GNL no país também ajudará a Petrobras a reduzir a dependência do gás da Bolívia.

Cumprir o cronograma do GNL é, agora, a maior das dificuldades que a Petrobras terá que enfrentar. Um dos motivos é o fato de a procura pelo GNL no mercado internacional estar bastante aquecida.

Com a licença dada pela Secretaria de Estado do Ambiente do Rio e pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema), a unidade vai receber o GNL importado e transformá-lo em produto gasoso para ser distribuído.

- O meio ambiente não pode ser encarado com um entrave, mas sim como um parceiro - afirmou o secretário do Ambiente, Carlos Minc, admitindo que as regras impostas à Petrobras foram duras.

A licença foi aprovada com 44 condicionantes.

Por questão de sigilo, Graça não deu detalhes sobre preço e volume do gás a ser importado. A executiva confirmou apenas que a Petrobras já assinou cinco pré-contratos - com a Marubeni, a Nigeria LNG, a Sonatrach, a Total e a Suez Global. Com isso, a empresa terá condições de participar de leilões no mercado mundial para compra de cargas spot (mercado livre) de GNL:

- Só posso dizer que o preço fechado foi mais baixo que o esperado, mas ainda assim mais caro que o preço cobrado pela Bolívia.

Nos planos da Petrobras, estão previstos mais dois terminais de GNL. Um ficará no Ceará. O local do outro ainda está em estudo. A pretensão da Petrobras é ser negociadora de GNL no mercado internacional. A empresa não descarta a possibilidade de ser parceira em outras unidades no Cone Sul e em países fora da região.

O terminal de GNL terá capacidade para 20 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. As cargas de GNL serão transferidas por navios transportadores e armazenadas em dois navios fretados.

O navio Golar Spirit, com capacidade para armazenar sete milhões de metros cúbicos diários de gás natural, chega ao Brasil em maio do próximo ano - data prevista para inauguração da unidade de GNL. O segundo navio, o Golar Winter, está previsto para maio de 2009, e sua capacidade será de 14 milhões de metros cúbicos diários.

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