Título: É dada a largada para a TV digital
Autor: Tavares, Mônica; França, Mirelle de
Fonte: O Globo, 25/11/2007, Economia, p. 29

Estréia do sinal será no próximo domingo em São Paulo. Em abril, é a vez do Rio.

Depois do início da TV digital na Região Metropolitana de São Paulo, no próximo domingo, a segunda área a contar com o sistema que promete revolucionar a radiodifusão no país será o Grande Rio, composto pela capital e 16 municípios. A estimativa é que a novidade esteja à disposição desses consumidores em abril do próximo ano, ou mais tardar em maio.

Na virada do semestre, a TV digital será instalada em Brasília e Belo Horizonte. A previsão do presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert), Daniel Pimentel Slaviero, é que, em outubro, Fortaleza, Salvador e Curitiba também entrem para o grupo. Porto Alegre e João Pessoa devem inaugurar o sistema no início de 2009. A data exata "vai depender de cada emissora". O sinal analógico, no entanto, continuará funcionando até 2016.

- Estamos comparando o início da TV digital com três grandes momentos da TV no país: 1950, com o início das transmissões de TV; 1972, com o início da TV em cores em Caxias do Sul, na Festa da Uva; e agora 2007, com a entrada da TV digital. Será a renovação deste que é o principal meio de informação, entretenimento e cultura da população brasileira, transmitida de forma aberta e gratuita - celebra Slaviero.

Olimpíadas e novela, as grandes atrações

A expectativa é que, a partir de julho de 2008, com a implantação do novo sistema em maior número de cidades, e com maior programação das emissoras produzida em alta definição, a TV digital se torne mais popular. Também é esperada para esta época o início da interatividade - comunicação entre telespectador e emissora - e da portabilidade, com a chegada em massa de telefones celulares capacitados para levar a televisão com o consumidor a qualquer lugar.

Os eventos esportivos, principalmente as Olimpíadas de 2008 na China, e as novelas são consideradas grandes chamarizes da programação. Isso porque um dos principais atrativos do sistema é a qualidade da imagem, comparável ao do cinema, e do som, semelhante ao do CD. Este impacto é muito grande especialmente para quem assiste somente aos canais abertos. Para os assinantes de TV (cabo, satélite e MMDS), a entrada da TV digital deverá ter menor impacto imediato.

Isto porque o assinante já conta com uma qualidade de imagem muito melhor do que a da TV analógica. Em muitas cidades, a TV por assinatura já foi digitalizada. No entanto, o sistema é diferente do nipo-brasileiro que está sendo implantado na TV aberta. O consumidor que quiser ter a TV aberta digital terá que utilizar, além da caixinha da TV por assinatura, o conversor da TV digital.

Pelo cronograma da TV digital, as geradoras das outras capitais têm até 31 de dezembro de 2009 para migrar para o sistema digital. Para as demais cidades, independentemente de ser geradora ou retransmissora, o prazo máximo de migração para a tecnologia é 31 de dezembro de 2013.

Porém, na avaliação dos radiodifusores, as maiores praças fora das capitais, onde há população grande e densidade de telespectadores - como Campinas e Ribeirão Preto, em São Paulo, e Campos e Petrópolis, no Rio - deverão adiantar bastante este cronograma e poderão entrar já em 2009, assim que for concluída a migração das geradoras nas cidades-pólo.

Diante de tantas novas informações, a advogada Ana Beatriz Werneck não se sente segura para comprar uma outra televisão para sua casa. Prefere esperar para, então, entender como funcionará o novo sistema e os custos que virão com ele.

- Não é a melhor hora para comprar televisão. Prefiro esperar para ver o comportamento dos preços. Uma nova televisão com decodificador deve vir com esse custo embutido também.

Petrônio Nogueira, responsável pela área de Comunicações, Mídia e Tecnologia da consultoria Accenture, afirmou que a grande vantagem para o consumidor, na primeira fase da TV digital, será a melhora considerável na imagem e no som, embora o grande salto seja mesmo a interatividade.

Conversor poderá ser financiado no BB

Para o consumidor, uma das alternativas é comprar financiado o conversor para o sinal digital. O gerente executivo da Diretoria de Varejo do Banco do Brasil, Gueitiro Matsuo Genso, diz que o produto deverá ser incluído como item financiável da linha BB Crediário, que tem prazo de até 48 meses e juros de 1,94% a 2,26% ao mês.

- A linha pode financiar qualquer bem de consumo. Estamos apenas esperando e avaliando qual será o preço do conversor para determinar os prazos e as taxas que apresentaremos ao mercado - explicou o executivo do BB.

Já as empresas que procurarem o BB terão acesso ao Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd), criado em fevereiro deste ano pelo BNDES. A linha tem R$1 bilhão previstos.

O Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) foi a primeira emissora a ter o financiamento aprovado, de R$9,2 milhões, em abril deste ano.

Já a linha para fornecedores ainda não registrou aprovação.

GUERRA DE PREÇOS DE CONVERSOR E TV NÃO OCORRERÁ TÃO CEDO, na página 30