Título: MP avalia prisão de Marcos Valério
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 26/11/2007, O País, p. 3

Procurador aguarda investigação do mensalão petista; PF teme destruição de provas.

BRASÍLIA. Depois de denunciar os envolvidos no valerioduto do PSDB mineiro e pedir a abertura de novas frentes de investigação de outros acusados, o procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, deve decidir, nos próximos dias, se requisita a prisão preventiva do operador do esquema, o publicitário Marcos Valério, e de outras pessoas. O pedido de prisão de Valério foi feito pela Polícia Federal, no inquérito que investigou o valerioduto mineiro. Antonio Fernando adiou a decisão sobre as prisões, que poderia ter sido tomada semana passada, alegando que os envolvidos também estão citados no processo sobre o mensalão do PT.

"No que concerne à representação da autoridade policial pela prisão preventiva, por conveniência da instrução criminal, de Marcos Valério e outras pessoas, observo que os fatos relatados pelos peritos criminais federais são graves. As repercussões atingem tanto o presente inquérito (do valerioduto tucano), como o de número 2245 (do valerioduto petista), cuja denúncia foi recebida, pendente apenas a publicação do acórdão. Por esse motivo (iminente início da ação penal e de sua instrução), analisarei os fatos descritos pelos peritos criminais federais, em conjunto com outras circunstâncias, oportunamente no do inquérito número 2245", afirma o documento assinado por Antonio Fernando.

Um dos argumentos usados pela PF para voltar a pedir a prisão de Marcos Valério é a preocupação com a possibilidade de os denunciados prejudicarem as investigações destruindo provas. O procurador decidiu aguardar o andamento do inquérito do valerioduto petista, também comandado por Valério. Ele disse em sua representação que estas investigações do esquema no governo federal poderão ser somadas a investigações do caso em Minas.

O procurador também decidiu ampliar algumas investigações sobre o valerioduto tucano, inclusive o envolvimento do Banco Rural no esquema. A denúncia contra grande parte dos políticos e beneficiários dos repasses do valerioduto tucano, entretanto, já prescreveu. Como o caso ocorreu em 1998, as pessoas que omitiram seu favorecimento financeiro à Justiça Eleitoral não serão investigadas. Os crimes estão prescritos desde 2006.

Isso indica que o procurador livrou de investigação todos os políticos que apareceram na lista que falava do caixa dois tucano.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, diz que não há necessidade de pedido de prisão de seu cliente. Ele afirma que o publicitário está há dois anos nos mesmos endereços residencial e comercial, e que em nenhum momento deixou de atender a nenhuma das solicitações da Justiça ou da polícia:

- Vários estão fazendo viagens internacionais, como o José Dirceu (ex-ministro-chefe da Casa Civil da Presidência) e Anderson Adauto (prefeito de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e ex-ministro dos Transportes). O meu cliente teve quatro pedidos de prisão preventiva nos últimos dois anos e todos foram negados pela Justiça. Não acredito que algo tenha mudado que justifique sua prisão.