Título: TV digital deve elevar crescimento da Zona Franca
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 26/11/2007, Economia, p. 17

Manaus concentra produção de aparelhos de televisão e, só este ano, faturamento pode chegar a US$24 bilhões.

SÃO PAULO. O crescimento da Zona Franca de Manaus deve ganhar um novo impulso com o início das transmissões da TV digital no país. Entre 2002 e 2006, o faturamento das empresas do Pólo Industrial de Manaus teve uma alta de 142%, e subiu de US$10 bilhões para US$22 bilhões, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), autarquia que administra a Zona Franca. Para este ano, a previsão é chegar a US$24 bilhões, estimativa que ainda não leva em conta o impacto da digitalização dos aparelhos, que deve se expandir em 2008.

- A chegada da TV digital vai dar um impulso maior ao crescimento que já estamos tendo na Zona Franca - afirmou o superintendente de projetos da Suframa, Oldemar Ianck.

Ele disse que prefere não arriscar um percentual de crescimento no faturamento das empresas por conta da demanda dos novos televisores digitais e conversores (as chamadas set-top boxes). Segundo Ianck, as indefinições nos preços desses equipamentos e as dúvidas em relação à receptividade por parte dos consumidores ainda impedem projeções sobre o tamanho da demanda.

- Só quando resolvermos essas incógnitas poderemos fazer projeções. Mas é claro que estamos otimistas - disse Ianck.

O Instituto Certi, com sede em Manaus, traçou dois cenários para a demanda de conversores e aparelhos digitais de TV entre 2008 e 2010, no país. No cenário definido como pessimista, as vendas totais poderão chegar a 9,5 milhões de unidades durante aquele período. Esse número pode chegar a 17,7 milhões, pela previsão otimista.

Empresas estão adaptando suas linhas ao padrão digital

A produção de televisores do Brasil está concentrada na Zona Franca de Manaus, que conta com incentivos fiscais às empresas que se estabeleceram no Pólo Industrial de Manaus (PIM). No ano passado, foram fabricados 13 milhões de aparelhos, sendo 12,6 milhões com cinescópios (os chamados tubos de imagem). Esses modelos vêm perdendo espaço para as telas de LCD e plasma, que têm um melhor desempenho e definição para as transmissões digitais. De janeiro a setembro deste ano, foram fabricados 7,7 milhões de aparelhos com cinescópio, 21,1% a menos do que no mesmo período de 2006. Já as telas LCD tiveram um aumento de 290,8% no mesmo período. As telas de plasma tiveram sua produção reduzida em 3,7% nos primeiros nove meses do ano.

- A tendência é de o LCD ser a tela da TV digital brasileira - disse Celso Piacentini, vice-presidente do Sindicato das Indústrias Eletroeletrônicas de Manaus.

Atualmente, existem nove empresas com projetos aprovados para fabricar televisores no Pólo Industrial de Manaus, além de dez que já estão produzindo os novos aparelhos. Segundo Piacentini, as empresas estão adaptando suas linhas para a produção de televisores digitais. Essas linhas terão que incorporar novos sistemas de geração de sinais e testes, um investimento entre US$300 mil e US$400 mil para linhas com capacidade de produção de até 2 mil aparelhos por dia.