Título: Os gastos precisam ser revistos
Autor: Alves, Cristina; Oliveira, Germano
Fonte: O Globo, 27/11/2007, Economia, p. 21

Recentemente, em encontro do presidente Lula com os cem maiores empresários brasileiros, a senhora surpreendeu ao dizer que o governo precisava cortar gastos públicos para a economia crescer mais.

LUIZA TRAJANO: Acho que a economia está indo muito bem. A gente não pode ignorar que há uma camada enorme entrando no mercado e para mim não interessa quem foi que fez isso. Na reunião com o presidente, o ministro (Guido) Mantega (da Fazenda) mostrou que a receita estava maior e, quando a receita é maior, é sinal que o gasto também é maior. Pedi ao presidente para dar maior valor ao varejo. Cada loja que a gente monta, tem que colocar 50 pessoas.

Mas a senhora recomendou que o governo corte mais gastos para a economia crescer mais, certo?

LUIZA: Tanto nas empresas como no governo, os gastos precisam estar sendo sempre revistos.

O Magazine Luiza está crescendo mais de 30% este ano, sobretudo com base num crescimento do consumo nas camadas mais populares. Com o consumo tão aquecido, não pode haver desabastecimento?

LUIZA: Não acredito. As indústrias brasileiras ainda estão só com 85% de sua capacidade produtiva. Ainda não sentimos problemas com nossos fornecedores.

Neste Natal não faltarão produtos nas prateleiras?

LUIZA: Não faltarão. Em outubro, tivemos um crescimento superior a 30%. Acreditamos que este Natal será um dos melhores dos últimos cinco anos e sem problema de abastecimento.

Os fornecedores estão fazendo pressão para aumentar preços?

LUIZA: Não, não.

De que o empresário precisa para investir mais?

LUIZA: Menos burocracia.

E os juros altos atrapalham também?

LUIZA: Para tornar o investimento atrativo, os juros precisam ficam em torno de 10% ao ano. Quanto mais cair melhor, por causa do crédito ao consumidor.

A senhora apóia a política do governo de amparar mais os pobres, mesmo à custa de tributos elevados?

LUIZA: Num primeiro momento, tem que matar a fome. No segundo, tem que dar emprego. Mas agora, com a reforma tributária que a gente está ajudando (a fazer), haverá uma grande transformação. Os tributos são muito altos. Até não sou contra a CPMF, porque é um imposto que todo o mundo paga. Pago de bom grado, mas desde que tirem outros impostos, que se reduza a burocracia.

O ministro Mantega fala em desonerar as empresas.

LUIZA: A questão trabalhista, por exemplo, tem muitos entraves. O que está na informalidade precisa entrar para o mercado formal. (C.A. e G.O.)