Título: Crise pode adiar viagem de Lula
Autor: Galhardo, Ricardo; Valente, Leonardo
Fonte: O Globo, 27/11/2007, O Mundo, p. 28

Visita a La Paz correria risco de ser interpretada como apoio a Morales.

BRASÍLIA. Os protestos e confrontos na Bolívia podem atrapalhar a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país no próximo dia 12. A situação deixou o governo brasileiro em sinal de alerta. Caso a situação se agrave, a viagem pode ser adiada.

A leitura que se faz é que a presença de Lula em um quadro de convulsão social corre o risco de ser mal interpretada. As opiniões públicas do Brasil e da Bolívia poderiam avaliar que o presidente brasileiro estaria endossando Morales, que vive um impasse com a oposição.

Até a noite de ontem, a viagem de Lula estava mantida. O presidente pretende assinar, em La Paz, uma série de acordos que permitirão, entre outras coisas, que a Petrobras volte a investir no país vizinho. Desde que Morales assinou, no ano passado, um decreto nacionalizando as reservas de gás e petróleo, a estatal brasileira decidiu não investir em novos projetos de expansão ou exploração.

Amorim diz que Brasília acompanha caso com atenção

Mas houve uma mudança de rumo, com a notícia de que o gás natural boliviano poderia não mais ser suficiente para atender Brasil e Argentina, porque a YPFB - petroleira da Bolívia - não tem condições de fazer novas prospecções.

Lula vai à Argentina, no dia 10, para a posse de Cristina Kirchner. A viagem à Bolívia está marcada para o dia 12. Nos dias 13 e 14, estará na Venezuela.

Em Washington, o chanceler Celso Amorim disse que o Brasil está acompanhando "com muita atenção" a situação na Bolívia e encorajou o país vizinho a buscar uma solução pacífica para o problema.

- Creio que o pode haver é a falta de diálogo. Então, o que se pode fazer é contribuir para o diálogo - disse Amorim.

A crise desperta a preocupação de outros países, como EUA e Espanha, e também de ONU, OEA e União Européia, que pediram calma e diálogo.

Com agências internacionais