Título: Câncer de pulmão matará menos no país
Autor: Marinho, Antônio
Fonte: O Globo, 27/11/2007, Ciência, p. 33

Projeção do Inca reflete impacto da redução do fumo.

Orasileiro passou a fumar menos e este comportamento começará a se refletir na mortalidade por câncer de pulmão em homens, segundo especialistas que participam do 2º Congresso Internacional para Controle do Câncer, promovido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio. Por outro lado, com o envelhecimento da população, a incidência da doença, de forma geral, deve aumentar no país. A estimativa é de 466.730 novos casos nos próximos dois anos.

Os cânceres de maior prevalência serão, com exceção dos tumores de pele não melanoma (mais graves), os de próstata e de mama. Apesar da previsão de 17.810 novos casos de câncer de pulmão em homens, em 2008/2009, epidemiologistas do Inca afirmam que há tendência de queda de mortalidade por este tipo de tumor no sexo masculino e isto deve se refletir na incidência, embora não haja números da redução.

- A redução do hábito de fumar no Brasil é uma das maiores do mundo, principalmente entre jovens. E ocorre em parte devido a campanhas de prevenção e à conscientização para o risco do tabagismo - diz Luiz Antonio Santini, diretor do Inca.

Detecção precoce reduz riscos

Se nos homens a incidência e a mortalidade por câncer de pulmão (um dos mais letais) tendem a diminuir, nas mulheres ele ainda é alto. A estimativa é de cerca de 9 mil novos casos.

- No que diz respeito a estimativas de câncer, o Brasil começou a ter o comportamento de países desenvolvidos. O perfil da doença é semelhante ao observado em outros países - diz a epidemiologista Marceli Santos, coordenadora da equipe que desenvolveu as estimativas para 2008/2009.

Os dados são importantes para traçar o perfil da doença entre diferentes regiões do país, ajudam a orientar a gestão na área e a direcionar melhor recursos e esforços. De acordo com as estimativas do Inca, as regiões Sul e Sudeste terão as maiores taxas de novos casos. A região Norte apresentará os menores índices.

- A taxa de envelhecimento populacional na Região Norte é menor. Mas também pode haver falhas nos registros e informações sobre a doença - diz Santini. - Alguns tipos de cânceres são mais prevalentes no Norte e Nordeste, como estômago, cólon e reto. Isto pode estar associado à dieta, à má conservação de alimentos.

Nos países desenvolvidos, o câncer é a primeira causa de morte e no Brasil já ocupa o segundo lugar, atrás das doenças cardiovasculares. Daí a importância de investimentos em prevenção, rastreamento precoce e melhores tratamentos, segundo Santini. Os gastos com a doença subiram mais de 100% nos últimos anos.

O diretor do Inca diz que, hoje, 60% dos cânceres podem ser curados quando detectados e tratados no início. E 40% podem ser evitados com mudanças no estilo de vida.

- Por exemplo, se uma mulher fizer uma vez na vida o exame preventivo de papanicolau, ela reduz em 70% o risco de desenvolver tumor de colo de útero - diz Santini.