Título: Lula: FH estudou mais, mas sei governar melhor
Autor: Damé, Luiza; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 28/11/2007, O País, p. 9

Sobre CPMF, presidente afirma que não fará guerra pela aprovação e faz apelo à consciência dos senadores.

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu ontem às críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, feitas durante a convenção nacional do PSDB, na última sexta-feira, sobre sua escolaridade. Lula disse que o ex-presidente tem mais formação acadêmica, mas que ele sabe governar melhor. Afirmou ainda que os ex-presidentes devem "fechar a boca" e deixar o sucessor governar.

- Obviamente que, se comparar a educação, a formação intelectual do Fernando Henrique Cardoso, ele é muito mais estudado do que eu. Agora, é verdade que ele teve mais anos de escolaridade, mas é verdade que eu sei governar melhor do que ele - disse Lula. - O que me incomoda é ex-presidente ficar dizendo o que o outro tem de fazer. Eu, quando deixar o governo, quero mostrar que é plenamente possível um presidente da República, depois de cumprir seu mandato, fechar a boca e deixar o outro governar.

Na última sexta-feira, Fernando Henrique disse que deseja brasileiros bem educados "e não liderados por gente que despreza a educação, a começar pela própria". Lula admitiu que ele tem razão ao falar da educação do próprio presidente, mas que Fernando Henrique está desinformado em relação ao que o atual governo fez no setor.

Presidente lembra o "Lulinha paz e amor"

Lula concedeu ontem entrevistas à TV Bandeirantes e à TV Record. Disse que não transformará a disputa pela aprovação da CPMF em uma guerra. Para ele, o que existe é uma disputa política. E voltou a dizer que quem votar contra terá de se explicar à população depois pelo corte de R$40 bilhões do Orçamento para programas sociais.

- Fiz uma campanha dizendo que era o Lulinha Paz e Amor. Eu não vou fazer guerra agora que ganhei as eleições. Quando eu estava disputando não fiz guerra, por que vou fazer agora?

Para Lula, se alguém quiser agir com irresponsabilidade e votar contra, depois terá de se explicar à população.

- A briga não pode ser com o governo, ou com o presidente. Não merecemos isso. Acho que essas pessoas têm de pensar: na hora em que votarem contra, qual será o efeito desse voto nas crianças que precisam de saúde, nos trabalhadores rurais que precisam de aposentadoria e nas pessoas que estão passando fome no país? É isso que deve nortear a cabeça dos senadores. O resto é democracia.

Para Lula, o caminho para combater a criminalidade é a ação social do Estado nas áreas mais violentas. Lula, que nesta sexta-feira irá ao Cantagalo e ao Pavão-Pavãozinho, no Rio, disse que a polícia deve agir com rigor para não perder a guerra contra a violência.

- Entendemos que, se não levarmos melhorias para os lugares mais pobres do Brasil, não vamos conseguir diminuir a violência. Algumas pessoas pensam que é só polícia. Não é só polícia. É preciso ter polícia, mas é preciso ter ações do Estado cuidando da saúde, da educação e do lazer - disse Lula.