Título: DEM e PSDB desistem da obstrução e querem apressar votação da CPMF
Autor: Jungblut, Cristiane; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 28/11/2007, O País, p. 10

Oposição calcula ter 33 votos, mas teme traições por pressão de governadores.

BRASÍLIA. Com a aposta de que o governo não tem os 49 votos necessários para aprovar a CPMF, DEM e PSDB mudaram de estratégia e desistiram da obstrução, para apressar a votação no plenário do Senado. A intenção da oposição é expor o governo. Ontem mesmo, a Casa votou duas medidas provisórias e liberou a pauta para o início da discussão da CPMF. Cumprindo os prazos, a CPMF poderá ser votada até o dia 14, em 1º turno, no plenário.

- Só resta ao presidente a exposição pessoal. Agora, se no dia da votação virmos que o governo tem os votos, claro que não deixamos votar - disse o líder do DEM , Agripino Maia (RN).

- Agora vamos dançar conforme a música - rebateu o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), que reconhece que o problema do governo é de votos, não de prazos.

Numa reunião ontem, os 27 senadores de DEM e PSDB garantiram que votarão contra a CPMF. A oposição calcula ter 33 votos, do total de 81 senadores - sobrariam, então, 48 para o governo. Mais cauteloso, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), preferia atrasar a votação da CPMF, mas ficou com a maioria.

DEM e PSDB desconfiam de traições, devido a pressões do Planalto e dos governadores. Cícero Lucena (PSDB-PB), por exemplo, disse que estava sendo procurado pelo governador da Paraíba, o tucano Cássio Cunha Lima, mas que votaria contra. Jonas Pinheiro (DEM-MT) também falou de pressões do governador Blairo Maggi (PSB).

A oposição contabiliza ainda os votos de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), José Nery (PSOL-PA) e Geraldo Mesquita (PMDB-AL). A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), admite a dificuldade:

- A decisão da oposição apenas nos faz adequar o ritmo de nossas ações. O que faríamos em 12 dias, faremos em cinco.