Título: Dinheiro do petróleo puxa avanços
Autor: Beck, Martha; Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 28/11/2007, Economia, p. 22

Antigos países comunistas também entraram no grupo com alto IDH.

Assim como o Brasil, outros seis países entraram no grupo de alto desenvolvimento humano que, agora, conta com 70 países entre os 177 avaliados pelo Pnud. A lista dos novos membros do alto IDH - considerando tanto as revisões metodológicas feitas em 2004 como os avanços obtidos em 2005 - inclui nações beneficiadas pela disparada da alta do petróleo e antigos países comunistas que, depois da derrocada econômica pós-queda do muro de Berlim, tem gradativamente aumentado suas rendas nos últimos anos.

Líbia, Arábia Saudita e Rússia entraram no alto IDH na conta do petróleo. O preço médio do barril saltou de US$41,47 para US$56,60 entre 2004 e 2005 - uma valorização de 37%, segundo dados do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

Com isso, a renda per capita desses países (ou seja, o Produto Interno Bruto, que é a soma de bens e serviços produzidos no país, dividido pelo número de habitantes) cresceu com força. Na Rússia, a renda subiu de US$9.902 para US$10.845. A Rússia, aliás, é ao lado do Brasil, a outra representante dos Bric - grupo de grandes emergentes que reúne ainda China e Índia - no alto desenvolvimento humano.

Na Arábia Saudita, que detém 25% das reservas provadas de petróleo no mundo, a commodity responde por quase metade (45%) do PIB do país. Na Líbia - país africano onde o petróleo responde por 95% das exportações e 25% do PIB - uma questão diplomática ajudou no avanço. A economia foi beneficiada pelo fim do isolamento internacional do país a partir de 2003, quando o governo aceitou publicamente a culpa pelos atentado a bomba que explodiu um jato da PanAm em Lockerbie (Escócia) em 1988. Em 2005, empresas americanas de petróleo voltaram a operar na Líbia.

Albânia e Macedônia se aproximam da União Européia

Os preços do petróleo também ajudaram a ex-república soviética Bielorrússia, cujo território é cortado por um gasoduto que leva gás da Rússia para a Europa Ocidental. Apesar das recentes disputas com os russos sobre as tarifas de gás (posteriores a 2005, ano de referência do IDH) e da ausência de democracia, políticas de redistribuição de renda garantem ao país uma das menores desigualdades do mundo.

A lista dos que entraram no alto IDH este ano é completada por Albânia e Macedônia, também ex-comunistas e países vizinhos. A Albânia saiu de 40 anos de comunismo como um dos países mais pobres da Europa. Porém, recentemente, tem se beneficiado de uma aproximação com a União Européia (UE).

A Macedônia, por sua vez, é a única ex-república iugoslava que escapou da guerra civil quando houve a desintegração da Iugoslávia. E, desde 2005, é candidata oficial a entrar na UE