Título: CCJ aprova relatório que pede a cassação de Renan
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 29/11/2007, O País, p. 10

CONFRONTOS NO CONGRESSO: Senador pode adiar renúncia

Expectativa no Senado é que ele seja absolvido de novo.

BRASÍLIA. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem, por 17 votos a três, o relatório do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), favorável à cassação do mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). A expectativa na Casa, porém, é que Renan será absolvido em plenário na próxima terça-feira, quando seus colegas analisarão em votação secreta a denúncia de que ele teria usados laranjas na compra de duas rádios e um jornal em seu estado. Desta vez, a sessão do plenário do Senado será aberta.

O parecer recebeu o apoio do líder do governo e amigo de Renan, Romero Jucá (PMDB-RR), e da líder petista, Ideli Salvatti (SC). Ela disse que assumia essa posição porque o relatório analisa apenas aspectos legais do processo e não o mérito.

- Com realismo, hoje não estou otimista. Acho que Renan terá uma votação ampla do PT, do PMDB e da base em geral a seu favor - confirmou Virgílio.

A confiança de Renan na absolvição é tanta que ele está revendo o plano de renunciar ao mandato de presidente do Senado antes do novo julgamento. Para não tumultuar mais a votação da prorrogação da CPMF, ele poderá adiar por alguns dias a renúncia, já que sua licença só vence no fim de dezembro. Seria o prazo necessário para que o PMDB encontre um candidato de consenso e o governo garanta a aprovação da CPMF, pelo menos em primeiro turno.

- Minha avaliação é que Renan adiará sua renúncia para não deflagrar agora a sucessão no Senado - previu o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).

Jucá indicou que a escolha do sucessor de Renan pode ser feita entre as votações de primeiro e segundo turno da CPMF. O nome mais forte hoje na bancada do PMDB passou a ser o de Edison Lobão (PMDB-MA), que contaria com o apoio do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e do próprio Renan.

Apesar de ser considerado um cristão novo na bancada, por ter se filiado há pouco mais de um mês, Lobão só não terá a candidatura lançada se Sarney emplacar seu nome na pasta de Minas e Energia. Se isso acontecer, voltam a crescer as chances de Garibaldi Alves (PMDB-RN), que já se lançou candidato, mas sofre resistências na base.

Para a oposição, as dificuldades do governo em relação à CPMF só tendem a aumentar:

- Se o Senado absolver Renan, essa legislatura estará comprometida. Mas, qualquer que seja o resultado, será ruim para o governo - disse o líder do DEM, Agripino Maia (RN).