Título: Juros bancários podem subir para compensar tarifa menor, diz analista
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 29/11/2007, Economia, p. 26

Segundo estudo, receitas de instituições com serviços cresceram 15,1% no ano.

As novas normas sobre tarifas bancárias, que deverão ser anunciadas pelo governo na próxima semana, poderão elevar os juros cobrados pelos bancos. De acordo com o Banco Central (BC), o número de serviços cobrados aos clientes cairá dos atuais 55 para, no máximo, 25. Além disso, serão extintas taxas como a de abertura de crédito e a de liquidação antecipada. Analistas ressaltaram que, apesar de as medidas conferirem mais transparência ao setor, as regras não devem surtir efeito no sentido de promover a concorrência, pois cerca de 80% dos clientes utilizam as cestas de serviços criadas pelos bancos com tarifas reduzidas.

Entre as novas regras, destacam-se ainda a padronização dos nomes e uma uniformização das abreviaturas utilizadas em saldos e extratos. O BC estuda também definir um período no ano para o reajuste de tarifas. Para a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), as normas ainda serão discutidas. Segundo Mário Sérgio Vasconcelos, diretor da entidade, as novas regras têm de atender aos dois lados.

- Não é que a Tarifa de Liquidação Antecipada não será mais cobrada. A decisão não pode ser proibitiva para o cliente nem para o banco - diz Vasconcelos.

Principais taxas aumentaram até 21,65% em novembro

De acordo com levantamento feito pelo site Vida Econômica e pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), as 21 principais tarifas tiveram alta de até 21,65% entre agosto e novembro deste ano.

- Os preços sobem acima da inflação. Os bancos têm de ter normas e limites - diz Miguel José Ribeiro, vice-presidente da Anefac.

Segundo Denis Blum, analista da Tendências, a eliminação de algumas tarifas pode ser compensada na taxa de juros.

- Os bancos podem aumentar a taxa de juros cobrada nas operações. As novas normas não vão trazer maiores mudanças no dia-a-dia, pois grande parte dos clientes utiliza cestas de serviços, cuja composição varia de um banco para o outro - ressalta Blum.

Na opinião de Luis Miguel Santecreu, analista da Austin Rating, apesar de o consumidor estar muito desprotegido, a medida é positiva:

- As normas devem ter um efeito de multa e fiscalização. As tarifas têm peso importante nas receitas do banco.

Segundo estudo feito pelo Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), as receitas com serviços, que incluem as tarifas, cresceram 15,1% entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2006. Já a receita com crédito subiu 9,5%.

- O menor crescimento das receitas com crédito é reflexo da queda na taxa básica de juros, a Selic, em 11,25% ao ano. Para compensar essa perda, os bancos têm criado mais tarifas - afirma Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad.