Título: Candidatos querem prévias do PT em 2009
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 19/04/2009, Política, p. 13

Agnelo Queiroz e Geraldo Magela se enfrentaram em debate promovido pela corrente Articulação e confirmam intenção de concorrer ao GDF. Sem acordo, decisão será pelo voto.

Magela e Agnelo: ainda sem acordo sobre a data da consulta ao partido Os dois pré-candidatos do PT ao Governo do Distrito Federal concordam pelo menos num ponto: a decisão do partido sobre quem vai representar a legenda nas eleições de 2010 tem de sair neste ano. Falta, no entanto, acertar o calendário. O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz defende uma definição até o fim de junho. O deputado Geraldo Magela prefere estender essa data para o segundo semestre. Os dois se enfrentaram ontem no debate promovido pela Articulação, tendência da legenda formada majoritariamente por sindicalistas.

Conforme antecipou o Correio, a Articulação decidiu ontem em plenária apoiar a candidatura de Agnelo. À tarde, a corrente Movimento PT também deliberou sobre o assunto e defendeu a escolha de Magela. Com isso, a realização de prévias no partido tornou-se inevitável. Nenhum dos dois grupos pretende recuar na disposição de concorrer ao governo. Apenas uma intervenção da direção nacional do PT ou do Palácio do Planalto poderá agora evitar a consulta interna no partido. Em situação normal, a votação só ocorreria no próximo ano, de acordo com o que estabelece o estatuto. Mas o presidente regional do PT, Chico Vigilante, militante da Articulação, pretende procurar nesta semana o deputado Ricardo Berzoini (SP), presidente nacional da legenda, para pedir uma excepcionalidade.

Divisão interna Vigilante quer autorização para marcar as prévias ainda neste semestre. A intenção é evitar o prolongamento dessa divisão interna para que a legenda possa começar a conquistar novos aliados. ¿Agnelo foi escolhido pela Articulação porque avaliamos que neste momento é o candidato que amplia mais nos partidos de centro-esquerda como PDT, PSB e PR¿, explicou Vigilante. ¿Mas não queremos que ele seja o candidato apenas da Articulação e sim de todo o conjunto de forças do partido¿, acrescentou. O discurso é uma resposta a críticas feitas por representantes de outras tendências sobre a antecipação da decisão da Articulação.

O PT é uma legenda formada por tendências e todas as decisões levam em conta interesses e preferências pulverizados, algumas vezes representados por integrantes que não têm mandato parlamentar, mas desfrutam de influência para deliberações internas. Magela começou a trabalhar na semana passada para conquistar apoio de antigos companheiros de partido. Conta como uma vantagem em relação a Agnelo: conhece bem os correligionários. Um de seus principais adversários, no entanto, é a desconfiança dos companheiros sobre as reais intenções nessa disputa. Muita gente acredita que ele quer apenas se cacifar para concorrer em condições mais favoráveis a uma vaga ao Senado ou à reeeleição na Câmara dos Deputados. Por isso, Magela tratou de trabalhar agora contra essa tese. ¿Sou candidato para valer. Quem disser o contrário, age de má-fé¿, garantiu.

No debate, Agnelo defendeu a escolha do candidato o mais rapidamente possível. ¿Precisamos definir a cara do candidato do PT o quanto antes para que possamos começar já a dialogar com a sociedade¿, afirmou.