Título: Oposição critica governo por terrorismo
Autor: Amora, Dimmi; Pontes, Fernanda
Fonte: O Globo, 01/12/2007, O País, p. 20

Planalto agora vai propor limite de gastos da União.

BRASÍLIA. A pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou de sonegador quem vota contra a CPMF, e do governo sobre o Senado para aprovar a prorrogação da contribuição acirrou o clima ontem, em plena sexta-feira. O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), e mais dois senadores da base aliada classificaram de terrorismo e chantagem a ação do Planalto para aprovar o tributo. Mas o governo continuará na pressão e apresentará, na terça-feira, uma proposta de limite de gastos da União. É a última exigência do PDT para garantir seus cinco votos, mas é também uma demanda antiga do PSDB, o que pode atrair votos de tucanos.

No plenário, Virgílio ainda acusou o presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), de manobrar com o regimento para viabilizar a sessão de ontem, que serviu para contar prazo na tramitação da emenda da CPMF. E criticou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por ele ter dito que o Bolsa Família seria prejudicado. Na mesma linha, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que o governo está praticando terrorismo.

- O presidente Lula, com o peso popular que tem, vai à tribuna e diz que você é responsável por isso, por aquilo, por aquilo outro. Como disse, é chantagem de novo. Não tenho medo algum. Chantagem é chantagem e quem faz chantagem é inquilino do Código Penal - disse Virgílio.

- O presidente está perdendo a compostura como magistrado maior da Nação ao dizer que quem não gosta (da CPMF) é sonegador, ao lado de ameaças de que não libera emendas, de que não nomeia ninguém. É terrorismo - disse Mozarildo.

Na segunda-feira, será o último dia de discussão da CPMF em plenário. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), reafirmou que quer votar o primeiro turno em plenário no dia 6, uma quinta-feira.

Virgílio cobrou uma posição do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que tem participado das negociações da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB) com a área econômica. Simon disse que esperava um gesto do presidente Lula, mas não revelou o voto.