Título: Lula: rejeitar a CPMF seria uma estupidez
Autor: Amora, Dimmi; Pontes, Fernanda
Fonte: O Globo, 01/12/2007, O País, p. 20

Presidente diz que não há como ficar sem o imposto nem um só dia e volta a criticar o DEM por voto contrário.

Na contagem regressiva para a aprovação da prorrogação da CPMF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ontem à carga contra o DEM - chamado por ele o tempo todo pelo antigo nome, PFL. Lula disse que é uma estupidez a tentativa da oposição de acabar com a cobrança. E afirmou que o partido está tentando derrubar a CPMF porque não tem mais perspectiva de poder.

- O PFL não tem perspectiva de poder porque só tem o governador de Brasília, que é um aliado nosso e quer a aprovação da CPMF. Não pode os partidos ficarem reféns de um discurso como o do PFL, que não tem nada a perder. Na medida que a gente consegue dar ao povo brasileiro o sabor da conquista da cidadania, vemos que algumas pessoas, certamente minoria, querem atrapalhar, (evitar) que o Brasil vá para a frente. Se fizerem essa estupidez, o Brasil pagará um preço - disse o presidente, na saída do escritório de Oscar Niemeyer, em Copacabana, onde foi entregar uma comenda ao arquiteto.

Com pressa de aprovar a prorrogação, o presidente disse que não está disposto a ficar nem um dia sem a CPMF.

- Eu acho que (a CPMF) não pode faltar um dia - afirmou o presidente.

Lula voltou a dizer que União, estados e municípios não podem prescindir de uma receita de R$40 bilhões.

- Em 2006, o Estado do Rio contribuiu com R$3,6 bilhões em CPMF, e voltaram para o Rio R$2,5 bilhões. Se faltar bom senso em alguns senadores, quem vai ter prejuízo não é o governador ou o presidente da República, mas o povo mais pobre. Uma grande parte do dinheiro da CPMF é aposentadoria, é Bolsa Família, é bolsa saúde. Então as pessoas vão ter que ter responsabilidade neste momento no Congresso Nacional - disse Lula.

Cabral faz apelo pela prorrogação do imposto

Mais tarde, durante a cerimônia de assinatura de contrato de construção de navios da Transpetro, no estaleiro Mauá, em Niterói, o discurso do presidente ganhou a adesão do governador Sérgio Cabral (PMDB) - que passou o dia ao lado de Lula em eventos no Rio - e do prefeito de Niterói, Godofredo Pinto (PT).

- Não podemos nos dar ao luxo de brincar com o nosso país. A CPMF está acima do governo Lula, do Manuel ou do Joaquim. É uma questão de Estado. O Brasil não pode abrir mão do dinheiro que subsidia o Bolsa Família. Não é prazer nenhum defender imposto, mas esse tem permitido solidez do ponto de vista das ações sociais - disse o governador, que foi ainda mais enfático:

- Quero fazer um apelo. Não é uma questão de oposição e situação. Toda vez que se brinca com o país, a elite dá um jeito. Mas quem paga o pato é o pobre.

O prefeito de Niterói afirmou:

- É importante que possamos ver aprovada a prorrogação da CPMF. Estou falando em nome dos prefeitos do país que pensam em nome do interesse da nação.