Título: ONS faz proposta para reduzir risco de faltar gás
Autor: Ordoñez, Ramona; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 04/12/2007, Economia, p. 27

Queda na margem de segurança dos reservatórios das hidrelétricas pode afastar uso de insumo para acionar térmicas

RIO e BRASÍLIA. Uma mudança no cálculo dos níveis mínimos de segurança dos reservatórios das usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, feita pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), reduziu o risco de faltar gás natural no mercado, principalmente para indústrias e para os postos de abastecimento de GNV (gás natural veicular). Segundo o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, o nível mínimo de segurança proposto para janeiro caiu de 65%, fixados anteriormente, para 53%.

Um nível de segurança menor significa uma chance reduzida de ser preciso acionar as usinas térmicas a gás para gerar energia elétrica e compensar a falta de água das hidrelétricas.

Como o período de chuvas está começando agora, explicou Chipp, a metodologia de cálculo usada antes foi considerada muito "conservadora", o que obrigaria o uso das térmicas a gás, mais caras, sem necessidade:

- Quando apresentamos os níveis de armazenamento já alertávamos para o fato que a metodologia era muito de conservadora e corríamos o risco de acionar térmicas desnecessariamente, com isso elevando os preços da energia.

O executivo disse ainda que, apesar de o nível mínimo de segurança nos reservatórios ter diminuído deste mês até março, ficou praticamente inalterada a média a ser alcançada em abril de 2008 - a proposta do ONS caiu de 69% para 68%.

- Vamos chegar a esse nível em abril, que garante o abastecimento de energia sem problemas em 2008 e 2009, com níveis de segurança menores nos primeiros meses do ano, que é o pleno período de chuvas - garantiu Chipp.

Ontem, em Brasília, foi realizada uma audiência para que os agentes do setor elétrico se manifestassem sobre a nova proposta. Em 18 de dezembro, a decisão final da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve decidir sobre sua adoção.

O especialista Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE) elogiou a mudança de cálculo. Para ele, o risco de afetar a economia com cortes de abastecimento de gás seria muito grande e desnecessário:

- O governo tem que saber administrar a escassez da água e a do gás.