Título: Senado já tem cinco candidatos à vaga
Autor: Vasconcelos, Adriana; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 05/12/2007, O País, p. 3

Renan antecipou renúncia para não correr o risco de perder votos e ser cassado.

BRASÍLIA. A guerra pela presidência do Senado foi deflagrada imediatamente após o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciar ao cargo. Pressionada pelo curto espaço de tempo e o grande número de candidatos, a cúpula do PMDB terá até amanhã para apresentar um candidato de consenso e unificar o partido. A oposição agiu rapidamente e exigiu que o presidente interino, Tião Viana (PT-AC), marcasse a eleição para a próxima quarta-feira, prazo máximo do regimento, segundo o qual a sucessão deve se dar num período de até cinco dias úteis.

Aos três candidatos já conhecidos - Garibaldi Alves (RN), José Maranhão (PB) e Edison Lobão (MA) - se somaram pelo menos mais dois: Neuto de Conto (SC) e Walter Pereira (MS). A oposição não aceita José Sarney (AP).

Senadores tucanos e democratas chegaram a ser consultados na véspera sobre a possibilidade de adiar a eleição até o fim do mês. Para evitar qualquer tentativa da oposição de comandar o Senado, o Palácio do Planalto deixou claro que apoiaria o nome do PMDB. Num rápido comunicado de sua renúncia, no início da sessão, Renan alegou que o motivo do seu gesto tinha sido a mudança do cenário político.

- Compreendo que presidir esta Casa é resultado das circunstâncias políticas. Entendo, também, que quando tais circunstâncias perdem densidade, ameaçando o bom desempenho das atividades legislativas, é aconselhável deixar o cargo - disse Renan, para em seguida pedir desculpas por não ter renunciado no primeiro processo de cassação:

- Não adotei este gesto antes pois poderia sugerir, naquele momento, uma aceitação das infâmias e inverdades. Desculpem-me se essa interpretação não pareceu a mais conveniente, mas agi de acordo com a minha consciência, convicto de que era a conduta mais correta.

Segundo aliados, a decisão de Renan foi pragmática. Até semana passada, ele pretendia renunciar no final de dezembro para não contaminar a votação da CPMF, como queria o Planalto. Mas, ao perceber que poderia pôr em risco o seu mandato, perdendo votos caso adiasse a renúncia, Renan decidiu sair antes da votação do processo de cassação.

Líder tucano veta candidatura de Sarney

A renúncia de Renan e a decisão da oposição de cobrar a convocação da nova eleição já para a próxima semana levou o líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), a convocar uma reunião da bancada para amanhã, com o objetivo de debater a sucessão no Senado. Mas a escolha do nome deve ocorrer antes. Será feita de hoje para amanhã, por um pequeno grupo de senadores do PMDB integrado por José Sarney (AP), Romero Jucá (RR) e Roseana Sarney (MA), além de Raupp e do próprio Renan.

- A partir de agora, o jogo está na mesa. E será um jogo de profissionais - disse Lobão.

A oposição admite disputar.

- Vamos exercer nosso direito de lançar uma chapa das oposições. Se o candidato for Sarney, eu faço questão de disputar pela oposição - anunciou o líder tucano Arthur Virgílio (AM).

Até a noite de ontem, a cúpula peemedebista trabalhava com três cenários. Caso a opção fosse um nome de maior consenso fora do partido, o PMDB daria aval para o nome de Garibaldi Alves. Num segundo cenário, o nome de Edison Lobão era tido como o mais indicado para dar segurança ao governo, que teria um aliado no comando da Casa. O nome do desconhecido Neuto de Conto também era cogitado, num cenário em que seria preciso tirar o Senado dos holofotes. Conto só assumiu o mandato graças à eleição do titular da vaga, o tucano Leonel Pavan, como vice-governador de Santa Catarina.

Outro suplente que está de olho na vaga de Renan é Walter Pereira, que substituiu o falecido Ramez Tebet:

- Se tiver mais de um candidato, vou disputar a vaga, sim.