Título: Entre os piores também em matemática e leitura
Autor: Weber., Demétrio
Fonte: O Globo, 05/12/2007, O País, p. 14

Como em ciências, Brasil tem péssima colocação em teste internacional feito com alunos de 15 anos.

BRASÍLIA. O Brasil teve o quarto pior desempenho, entre 57 países e territórios, no maior teste mundial de matemática, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2006. Os estudantes brasileiros de escolas públicas e particulares ficaram na 54ª posição, à frente apenas de Tunísia, Qatar e Quirguistão. Na prova de leitura, que mede a compreensão de textos, o país foi o oitavo pior, entre 56 nações.

Os resultados completos do Pisa 2006, que avalia jovens de 15 anos, foram anunciados ontem pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE), entidade que reúne países adeptos da economia de mercado, a maioria do mundo desenvolvido. A OCDE já havia divulgado, na semana passada, os resultados da prova de ciências, tema central do teste no ano passado. O Brasil aparece em 52º lugar.

Em matemática, quase metade dos alunos brasileiros - 46,6% - ficou abaixo do nível 1, na tabela usada pela OCDE para traduzir os resultados do teste. A tabela vai até o nível 6. Só 0,2% dos brasileiros atingiram esse patamar. Em Taiwan, 11,8%.

A nota média dos brasileiros em matemática melhorou: subiu 14 pontos, de 356 no teste anterior, aplicado em 2003, para 370. A escala vai até 800. Só Indonésia, México e Grécia deram saltos maiores. O problema é que o ponto de partida do Brasil era baixo: no Pisa 2003, o Brasil havia ficado em último lugar, entre 40 países. Em 2006, só ultrapassou a Tunísia. O penúltimo colocado Catar, no Oriente Médio, e o lanterna Quirguistão, na Ásia, ingressaram no Pisa 2006.

Pela margem de erro, Colômbia pode estar à frente

A média brasileira é a mesma da colombiana. O Pisa é aplicado por amostragem e os resultados estão sujeitos a margens de erro. Por isso, a OCDE estima a posição máxima e mínima de cada país. No caso do Brasil, ela varia do 53º ao 55º lugar, a da Colômbia, da 52ª à 55ª posição, o que põe os colombianos à frente na lista.

Em leitura, a nota do Brasil caiu dez pontos: de 403 para 393. A líder Coréia do Sul obteve média de 556 pontos. O resultado brasileiro piorou em relação a 2000, na primeira edição do Pisa, quando o país havia atingido 396 pontos. Segundo a OCDE, 27,8% dos brasileiros ficaram abaixo do nível um da tabela de conhecimento, o que revela grave deficiência na compreensão de textos. A tabela de leitura tem cinco níveis e, no Brasil, apenas 1,1% dos participantes atingiu o quinto nível.

O Pisa é aplicado a cada três anos. A amostra brasileira tinha 9.295 alunos.