Título: BNDES e Costa: R$1 bi para TV digital é extra
Autor: França, Mirelle de; Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 05/12/2007, Economia, p. 31

Após desencontro de informações oficiais, presidente do banco e ministro dizem que crédito é dinheiro novo

RIO e BRASÍLIA. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou ontem que o varejo terá R$1 bilhão de crédito extra para financiar a redução dos preços dos conversores para a TV digital. A informação foi dada em carta enviada ao GLOBO. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, também garantiu que haverá mais R$1 bilhão no BNDES para o varejo, além dos recursos para outras linhas ligadas à chegada da nova tecnologia.

Desde o lançamento da TV digital, há um desencontro de informações sobre se esse crédito seria novo, adicional ao R$1 bilhão que o banco já ofereceu para desenvolver o sistema. Domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que determinara ao BNDES que desenvolvesse um programa:

- No valor de R$1 bilhão, ele irá dar apoio à rede varejista para baratear a venda do conversor.

Na manhã de anteontem, em entrevista sobre biocombustíveis, o vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, foi perguntado sobre TV digital. Respondeu que "só sabia o que estava nos jornais". À tarde, o banco informou que os lojistas haviam sido contemplados com uma nova linha dentro de um programa de apoio à TV digital já existente, e cujo orçamento é de R$1 bilhão. Ou seja, os recursos teriam de ser disputados com emissoras, produtoras de conteúdo e fabricantes, e estariam dentro do R$1 bilhão anunciado em fevereiro - do qual, no entanto, só foram contratados R$9 milhões. Enquanto isso, fontes do Executivo diziam que existia o R$1 bilhão adicional.

Na carta, Coutinho diz: "Para que não paire nenhuma dúvida, venho a público esclarecer que o BNDES lançou uma nova linha de R$1 bilhão para financiar a rede varejista na comercialização dos conversores de TV digital, conforme anunciado pelo presidente Lula no domingo, 2 de dezembro. A nova linha (Protvd Consumidor) se insere no Programa de Apoio à Implementação do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Protvd), em vigor desde fevereiro. Além do apoio ao Protvd Consumidor, o BNDES garante que não faltarão recursos para atender às demais linhas do Programa (Protvd Fornecedor, Protvd Radiodifusão e Protvd Conteúdo), e mantém o orçamento de R$1 bilhão destinado a essas três linhas originais. Assim, o programa conta agora com recursos adicionais de R$1 bilhão para, em consonância com os objetivos traçados pelo governo federal, ampliar o acesso de toda a população brasileira à nova tecnologia".

- O dinheiro que ele (Lula) colocou à disposição principalmente para a modernização dos sistemas de televisão está lá (no BNDES), para quem quiser se candidatar. Além daquele dinheiro, ele está dizendo que tem mais R$1 bilhão exclusivamente para atenção na redução dos preços dos conversores - disse Costa.

O ministro afirmou que a parte mais cara do conversor é o chip de processamento, que precisa ser importado e custa cerca de US$20. Se as indústrias fizessem um pool de importação, o valor cairia para US$7 ou US$8.

Os conversores, segundo Costa, têm de conter o Ginga, programa para interatividade:

- Você não pode fazer um conversor e depois dizer: "Eu vou vender um novo e aí sim vou colocar o Ginga". O que não colocou não pode ser vendido. A tecnologia está pronta, sim, está na internet. Quem quiser o Ginga baixa sem custo.