Título: Dow Chemical fechará duas fábricas no Brasil
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Fonte: O Globo, 05/12/2007, Economia, p. 33

Unidades ficam na Bahia. Reestruturação mundial, que eliminará mil empregos, afeta ainda EUA e Europa.

NOVA YORK, RIO e BRASÍLIA. A empresa americana Dow Chemical informou ontem que fechará uma série de fábricas, duas delas no Brasil, e eliminará cerca de mil postos de trabalho em várias regiões, para cortar custos e destinar recursos a negócios com melhores perspectivas de crescimento. A maior produtora de químicos dos EUA disse que as medidas vão gerar encargos de até US$600 milhões, incluindo custos por indenizações e amortização de ativos. Mas, após a reestruturação, que deve ser concluída em 18 meses, a Dow espera obter uma economia de US$180 milhões ao ano.

A empresa fechará duas fábricas na Bahia e uma em Lauterbourg, na França. Cerca de 250 postos de trabalho deverão ser eliminados na Europa, e a maior parte das vagas restantes na América do Norte e no Brasil, segundo a Bloomberg News. A Dow Química Brasil garantiu, contudo, que a maioria dos cerca de cem funcionários das fábricas da Bahia será remanejada para outras unidades.

A fábrica de estireno em Camaçari será fechada em 1º de janeiro, devido à falta de competitividade em relação à matéria-prima local, baixa escala de produção, idade da fábrica e ao excesso de oferta de estireno no mercado global. Já as operações de Aratu, onde são produzidos polímeros para cremes e loções, serão encerradas por limitações de capacidade e altas despesas estruturais e de matérias-primas. Todas as unidades da Dow no país tem 2.100 empregados.

No total, os cortes, que representam 2,3% dos 43 mil funcionários da Dow, são os mais radicais desde que Andrew Liveris se tornou presidente-executivo, em novembro de 2004. A companhia cortou 7 mil postos de trabalho de 2002 até 2005. A Dow, golpeada pelos altos custos com insumos petrolíferos e energia este ano, tem buscado joint ventures e expansão em nichos mais rentáveis.

"Nosso foco na disciplina financeira e no baixo custo se mantém como sempre, e buscaremos novas formas de afinar estrutura organizacional, base de ativos e portfólio de negócios", disse Liveris, em nota.

Setor petroquímico se reúne com Lula e ministros

Executivos do setor petroquímico estiveram ontem no Planalto para apresentar ao presidente Lula os planos de consolidação do setor. Os presidentes de Petrobras, Braskem e Unipar - José Sergio Gabrielli, José Carlos Grubisich e Roberto Garcia, respectivamente - ressaltaram a importância da reorganização do segmento. Para Lula, a consolidação marca "uma data histórica". Também participaram os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e de Minas e Energia, Nelson Hubner.

Na sexta-feira, o setor avançou na consolidação e está configurado agora com apenas duas empresas: a Sociedade Petroquímica, formada por Petrobras/Petroquisa e Unipar, e Braskem, na qual a estatal participa com o grupo Odebrecht. Para Dilma, as duas empresas vão inserir o Brasil em uma nova fase da petroquímica:

- Dos anos 70 até hoje, demos alguns passos, mas havia uma grande confusão acionária que impedia que grupos extremamente pulverizados tivessem porte e tamanho suficientes para disputar um espaço de fornecimento de produtos petroquímicos no Brasil e no mundo. (Ramona Ordoñez e Mônica Tavares, com agências internacionais e Bloomberg News)