Título: Relatório resvala na campanha presidencial
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 05/12/2007, O Mundo, p. 35

Para democratas, Bush usa dados falsos com fim ideológico; republicanos querem intimidar Irã.

WASHINGTON. Os principais candidatos presidenciais aproveitaram o embalo do informe de inteligência para reforçar o seu próprio perfil na campanha eleitoral. Os democratas Hillary Rodham Clinton e Barack Obama disseram que ele serviu para reafirmar que o presidente George W. Bush utiliza dados falsos com fins ideológicos. Os republicanos Rudolph Giuliani e Mitt Romney endossaram a interpretação do governo, afirmando que é preciso continuar usando a força para intimidar o Irã.

Obama foi incisivo:

¿ Esse presidente não vai deixar que os fatos se metam no caminho de sua ideologia. Eles (o governo) deveriam parar de agitar o sabre. Jamais deveriam ter iniciado isso ¿ disse ele, referindo-se às ameaças de um ataque dos Estados Unidos ao Irã.

Falando em nome de Hillary, Lee Feinstein, diretor de segurança nacional de sua equipe, disse que o informe era o mais recente esforço de Bush ¿em distorcer informações para satisfazer os seus fins ideológicos¿. E acrescentou:

¿ O documento justifica o enfoque da senadora Clinton, que é o de se utilizar uma vigorosa diplomacia liderada pelos EUA, a cooperação internacional e uma eficaz pressão econômica para que o Irã encare as nossas preocupações.

Giuliani disse que não se pode confiar no Irã, depois que seu governo desprezou por vários anos os esforços internacionais para que o enriquecimento de urânio fosse interrompido. E sugeriu:

¿ Sanções e outras pressões devem continuar e ir aumentando até que o Irã cumpra a paralisação das atividades de enriquecimento.

Romney afirmou que só a demonstração de força impedirá que o Irã produza armas nucleares:

¿ Acredito que nós estamos sempre mais fortes quando negociamos com muita determinação. As sanções econômicas e diplomáticas fazem o maior sentido. E é claro que vamos manter as nossas opções militares. (J.M.P.)