Título: Comissário colombiano vai à França pedir ajuda de Sarkozy com as Farc
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Fonte: O Globo, 05/12/2007, O Mundo, p. 37

Alvaro Uribe está disposto a se encontrar com guerrilheiros na selva.

BOGOTÁ e BRASÍLIA. O alto comissário colombiano para a Paz, Luis Carlos Restrepo, viajou ontem à França para pedir ao presidente Nicolas Sarkozy ou a um delegado seu que acompanhe uma reunião de autoridades colombianas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), com data ainda a ser marcada. De acordo com o comissário, o presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, deu instruções para que os negociadores marquem um encontro com os guerrilheiros o mais rápido possível e ressaltou que a participação da França é fundamental para o sucesso da negociação.

- O local e a data devem ser escolhidos pelas Farc. No entanto, o presidente deixou claro que não vai retirar forças de segurança de nenhum território e que a ajuda do governo francês será essencial - disse o comissário.

Lula pode servir como intermediador

Segundo analistas, a ordem de Uribe e a viagem de Restrepo fazem parte de uma nova estratégia de Bogotá para negociar com as Farc. Em vez da intermediação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, a Colômbia quer agora negociar diretamente, mas com a ajuda da França.

Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, Óscar Arboleda, Uribe está disposto a aceitar que as Farc estabeleçam condições para um encontro com ele próprio ou com Restrepo em algum lugar da Colômbia.

- O governo, através do comissário de Paz e inclusive o próprio presidente, está disposto e disponível para um diálogo onde as Farc considerarem, para encontrar fórmulas que conduzam à libertação de reféns - disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também vai discutir com Uribe a possibilidade de negociar com as Farc a liberação de reféns. O encontro dos dois ocorrerá na manhã de segunda-feira, em Buenos Aires, onde eles participam da posse da presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner. A mãe da ex-candidata a presidente e senadora Ingrid Betancourt, Yolanda Pulecio, pediu a intermediação.

- O Brasil tem se pautado por oferecer bons serviços para a resolução de temas humanitários na Colômbia. Faremos tudo em estritíssima observação dos princípios da não intervenção nos assuntos internos da Colômbia, sempre ouvindo as ponderações do governo colombiano - disse o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Colaborou: Eliane Oliveira