Título: Mantega já admite a possibilidade de derrota
Autor: Jungblut, Cristiane; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 06/12/2007, O País, p. 9

CONFRONTOS NO CONGRESSO: "Vou votar a favor da CPMF, mesmo arcando com a impopularidade", afirma Peres.

Ministro, que teme um impacto internacional negativo, tenta buscar votos do PDT com promessa de redução de gastos.

BRASÍLIA. Com dificuldades para garantir os 49 votos necessários à aprovação da CPMF, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confidenciou ontem que está preocupado com o impacto de uma derrota no mercado financeiro nacional e, principalmente, internacional, lembrando que o governo perderia R$40 bilhões só em 2008.

Nas conversas que teve ontem com aliados, Mantega, segundo um desses governistas, admitiu as dificuldades. O ministro estaria antevendo que o impacto de uma provável derrota nas contas públicas seria até menor, ou controlável. Mas que a repercussão mais preocupante seria no cenário internacional, onde a avaliação do Brasil poderia ser prejudicada.

Na batalha pelos votos, Mantega cedeu ontem a mais uma exigência do PDT e comprometeu-se a incluir, na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que fixa parâmetros para o Orçamento de 2009, um outro dispositivo para controlar gastos correntes do governo. A LDO precisa ser enviada ao Congresso até abril de 2008. O redutor afetaria basicamente os gastos com pessoal e o custeio da máquina pública. Com a promessa, o governo conseguiu pelo menos quatro dos cinco votos do PDT no Senado, inclusive o de Jefferson Peres (PDT-AM).

Segundo Peres, a área econômica excluiu do controle de gastos três setores: Previdência, Bolsa Família e Forças Armadas. O governo argumenta que a Previdência tem uma situação particular, de déficit, e que seria impossível impor limites artificiais aos seus gastos. No caso do Bolsa Família, a intenção é deixar o governo livre para gastar.

Mantega não explicou, no entanto, qual é o limite que seria colocado na LDO. Anteontem, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado já havia aprovado projeto que limita as despesas com pessoal em 2,5% ao ano mais a inflação, ou a variação do PIB mais a inflação, o índice que for menor.

Esse projeto foi proposto pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). A tendência, no entanto, é que se fixe um redutor um pouco maior na LDO 2009.

Na semana passada, o PDT já havia conseguido que a Fazenda concordasse em eliminar a incidência da Desvinculação de Receitas da União (DRU) da área de Educação, o que dará mais recursos para o setor.