Título: Múcio já admite que o governo fez o que podia para tentar aprovar CPMF
Autor: Jungblut, Cristiane; Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 07/12/2007, O País, p. 4

CONFRONTOS NO CONGRESSO: "Hoje o governo está derrotado", afirma Guerra.

Jucá adia votação; fim de semana será de convencimento dos rebeldes.

BRASÍLIA. A fragilidade da base governista ficou explícita ontem quando os líderes do governo foram obrigados a esvaziar o quórum do plenário e adiar para a próxima terça-feira a votação da prorrogação da CPMF. No Planalto e na área econômica crescem os sinais de uma possível derrota. Depois do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que admitiu a hipótese de ficar sem os R$40 bilhões da CPMF em 2008, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, tem lamentado ter chegado tarde ao governo para trabalhar pela CPMF.

Em conversas, Múcio admite que o governo fez o que podia para virar o jogo. Nesse fim de semana, Lula e ministros intensificarão o corpo-a-corpo. A pressão inclui promessas a aliados rebeldes. Nas contas de governistas, eles teriam 46 votos dos 49 necessários:

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), alegou falta de quórum para a votação, mas o painel marcava 70 presenças. A oposição ameaçava forçar a inclusão da CPMF na pauta. A manobra foi rechaçada pelo presidente interino da Casa, Tião Viana (PT-AC).

- Aí, é a oposição querer ganhar sem jogar - disse Jucá.

A oposição aproveitou para tripudiar e dizer que, no final de semana o governo fará "manobras inconfessáveis". O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), disse o partido continua fechado contra o imposto, apesar da pressão dos governadores:

- Hoje o governo está derrotado - disse Guerra.

- Os governadores não mandam nos senadores do PSDB. Não há cordeirinhos - resumiu o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).

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