Título: Relatório denuncia mortes de indígenas
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Fonte: O Globo, 07/12/2007, O País, p. 14

Violência é pior em Mato Grosso do Sul.

SÃO PAULO. Trinta e quatro assassinatos, 20 suicídios, centenas de denúncias de conflitos de terra e exploração do trabalho indígena. Este é o retrato do ano para o povo guarani-kaiowá, de Mato Grosso do Sul, revelado no relatório "Direitos humanos no Brasil". O estudo foi divulgado ontem pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

Mato Grosso do Sul encabeça o ranking da violência contra índios: dos 58 assassinados este ano no país, 35 viviam no estado (34 eram guarani-kaiowá e um de outra etnia). Das 36 tentativas de homicídio, 26 ocorreram em Mato Grosso do Sul. No mês passado, 831 trabalhadores indígenas foram resgatados de uma fazenda em Brasilândia, a 400 quilômetros de Campo Grande, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, porque viviam em condições degradantes. Na mesma época, uma operação com 40 agentes da Polícia Federal em fazendas da região de Ponta Porã encontrou até um fuzil com o brasão do Exército.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ocorre mais do que um massacre:

- Vemos o holocausto do povo guarani-kaiowá. Eles, que já tiveram 3,5 milhões de hectares para perambulação, agora têm de viver confinados em campos de concentração, áreas de poucos milhares de hectares - alerta o psicólogo Paulo Maldos, do Cimi.

Procurada, a Funai não se manifestou sobre o relatório. O estudo também revela que, só em São Paulo, vivem 12 mil bolivianos em situação de trabalho escravo. A maioria é explorada em oficinas de costura. A estimativa é da Pastoral do Migrante Latino-Americano. As comissões pastorais são procuradas pelos imigrantes ilegais como base de solidariedade, já que os estrangeiros temem punições e a extradição. Segundo o relatório, há 200 mil bolivianos vivendo na cidade.