Título: Altas chegaram a 21% em 4 meses
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 07/12/2007, Economia, p. 32

Entre 21 tarifas analisadas, 16 subiram entre agosto e novembro.

SÃO PAULO. O valor médio das tarifas bancárias subiu até 21,65% entre agosto e novembro deste ano, segundo pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac). A escolha das datas não foi aleatória: em agosto a equipe econômica e a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) começaram a negociar novas regras para a cobrança de serviços.

A Anefac avaliou 21 tarifas. Destas, 16 foram reajustadas entre agosto e novembro, três foram mantidas e só em dois casos houve redução. A tarifa média para quitação antecipada de financiamento passou de R$1.521,31, em agosto, para R$1.850,61 no mês passado, um salto de 21,65%. Tiveram redução o saque em caixa automático externo (-2,21%) e a renegociação de dívida (-1,15%).

Todos os reajustes superam inflação no período

Em todos os casos de aumento, os reajuste superaram com folga a inflação no período - de 0,95%, pelo IPCA.

- Ou os bancos não se preocuparam com a repercussão negativa disso ou estão aproveitando para aumentar tudo antes do limite do governo - afirma o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira.

Desde o fim dos ganhos com a inflação alta, as tarifas vêm ganhando importância para os bancos. Estudo da consultoria Austin Rating mostra que a arrecadação total do sistema passou de R$6,330 bilhões, em dezembro de 2005, para R$52,844 bilhões no fim de 2006, uma variação de 734,8%. Considerando só os dez maiores bancos do país, o aumento foi de 969,2%. A participação da prestação de serviços nas receitas totais do setor bancário passou de 6,5% para 17,7% no período. Considerando os balanços fechados até setembro deste ano, esse percentual é de 21,2%.

- O forte crescimento da base clientes e das concessões de crédito é que possibilitou esse crescimento - afirmou o presidente da consultoria, Erivelto Rodrigues.

A receita com prestação de serviços nos maiores bancos brasileiros, em setembro, foi 143% superior às despesas com pessoal. Esse é um indicador usados para medir eficiência e significa que, só com esses ganhos, as instituições pagam com folga os funcionários.

Os bancos argumentam que o percentual de 21% ainda é mais baixo do que o do resto do mundo. Em alguns países, a relação entre serviços e receita total fica entre 40% e 50%. (Aguinaldo Novo)