Título: Lula sobre a CPMF: O Brasil não vai ter crise
Autor: Taves, Rodrigo França
Fonte: O Globo, 08/12/2007, O País, p. 10

Presidente volta a atacar oposição e diz que intenção de barrar prorrogação de tributo é criar instabilidade econômica.

MACAPÁ (AP). Ao discursar ontem no Amapá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusou os senadores de oposição de votar contra a prorrogação da CPMF com a intenção de criar uma crise econômica para prejudicar seu governo e tirar proveito político. Lula disse que a CPMF é um imposto justo e que os opositores votarão contra o tributo porque não aceitam que o Brasil cresça, e também porque "não admitem o sucesso de um torneiro mecânico na Presidência da República".

- Parece que, lamentavelmente, tem gente que acha: "Não pode dar certo, está tudo muito bem, o Brasil precisa de uma crise, se não tiver crise a gente não tira proveito de nada". Quero dizer a esses que pensam assim: o Brasil não vai ter crise. Façam o que quiserem, este país continuará crescendo, vai continuar no rumo em que está.

"Passem 24 horas direto falando mal de mim"

Lula disse que a CPMF é "um imposto justo, porque é distributivo e só atinge 13 milhões de brasileiros". Segundo ele, a CPMF é o imposto do cheque e 80% dos brasileiros não têm cheque. E ainda que os que são contra a prorrogação da CPMF são aqueles que "adorariam poder sonegar como sonegaram a vida inteira neste país".

Ele acusou a oposição de estar jogando politicamente para prejudicar seu governo:

- Quero que digam para os senadores que não querem que o país dê certo que tentem me prejudicar de outra forma, que subam na tribuna e passem 24 horas direto falando mal de mim, façam o que quiserem, mas não prejudiquem a parte mais pobre deste país, que, no fundo, é a beneficiária da CPMF.

Num momento em que precisa dos votos dos senadores do PMDB para prorrogar o imposto, Lula acabou cometendo uma gafe. Na presença do senador José Sarney (PMDB-AP), um dos cotados para substituir Renan Calheiros na presidência do Senado, Lula fez uma referência à histórica divisão interna do PMDB, que mais uma vez se manifesta, no momento de o partido escolher quem será o indicado para comandar o Senado.

Ao elogiar Sarney, citação à histórica divisão do PMDB

Lula estava falando a respeito da votação da CPMF e, tentou mostrar como é antiga a estratégia da oposição de apostar na crise:

- Quero pegar o testemunho do Sarney aqui, que quando foi presidente deste país e tinha 23 governadores, tinha 306 constituintes, e tinha gente no PMDB que não admitia o fato de o Sarney ter sido o presidente depois da morte de Tancredo. O problema não era apenas de maioria ou minoria. Porque o Sarney comeu o pão que o diabo amassou, tinha mais gente torcendo para que ele não desse certo que para que desse certo. É preciso acabar com isso no Brasil. O momento da disputa é o eleitoral, depois é preciso ter um tempo de governança.

www.oglobo.com.br/pais