Título: Seis frigoríficos são proibidos de vender frango por excesso de água
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 08/12/2007, Economia, p. 44

Consumidor pode identificar produto vetado pelo número de inspeção.

BRASÍLIA. O Ministério da Agricultura iniciou ontem uma operação para impedir a venda de frango in natura com excesso de água. Foram proibidos de vender o produto seis frigoríficos, localizados no Rio Grande do Sul, no Paraná, em Santa Catarina, em Minas Gerais e no Mato Grosso. Os estabelecimentos não cumpriram o limite máximo de 6% de água, lesando o consumidor que comprou o frango congelado e acabou pagando a mais, devido ao volume maior existente antes do descongelamento.

O Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça distribuiu um comunicado segundo o qual os consumidores poderão identificar facilmente os frangos e cortes congelados in natura dos seis frigoríficos que tiveram seus produtos interditados pela Agricultura. As verificações devem começar pelo nome das empresas, seguido do nº do SIF e da data de fabricação. Os produtos interditados foram processados até 5 de dezembro deste ano. O DPDC acrescentou ter enviado as informações a todos os Procons, para que a população possa ser alertada.

Multa aplicada é de R$25 mil por infração

Os frigoríficos punidos são: Recanto do Sabiá Alimentos Ltda (MG), SIF 4044; Anhambi Alimentos Oeste Ltda. (MT), SIF 1678; Avenorte Avícola Cianorte Ltda. (PR), SIF 4232; Rei Frango Abatedouro Ltda. (SP), SIF 1301; Eleva Alimentos S.A. (RS), SIF 1449; e Wiper Industrial de Alimentos Ltda. (SC) SIF 1761.

Os estabelecimentos já foram advertidos e multados em até R$25 mil por infração. Além disso, o Ministério da Agricultura encaminhou os processos ao Ministério Público, "para a instauração de procedimentos civis cabíveis", segundo nota distribuída ontem à tarde pelo órgão.

Os frigoríficos que adicionaram água ao frango in natura em quantidade acima do permitido só poderão voltar a vender seus lotes depois de apresentarem ao Ministério da Agricultura seus programas de controle de produção e qualidade, a serem analisados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).

De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, quando uma empresa produz um frango com um percentual de 16% de líquido, por exemplo, o consumidor perde cem gramas em cada quilo adquirido.

- Tomamos essa medida em razão das reincidências. Mesmo com multa e apreensão de mercadoria, os frigoríficos continuavam descumprindo a legislação - explicou o secretário.

Procurados pelo GLOBO, dois frigoríficos se manifestaram. Em nota, o Eleva - adquirido em outubro pela Perdigão - informou possuir quatro unidades industriais de processamento de aves e somente uma delas está sob o chamado regime especial, dependendo apenas das análises do SIF para ser liberada. Representantes do estabelecimento estiveram ontem em Brasília apresentando seu programa.

Empresa diz que frango caipira tem padrão diferente

João Carlos de Oliveira, do Recanto do Sabiá, argumentou que a empresa pode estar sendo prejudicada, por vender exclusivamente frangos e galinhas caipiras.

- Nosso produto é diferenciado. As aves não têm padrão de peso, tamanho e volume - afirmou Oliveira.