Título: Economist critica etanol americano por inflação de alimentos no mundo
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Fonte: O Globo, 08/12/2007, Economia, p. 44

Revista defende álcool brasileiro e diz que EUA produzem combustível "sujo".

LONDRES. A revista britânica "Economist" traz na sua última edição um editorial em que faz duras críticas à política de subsídios ao etanol à base de milho, apontado pela publicação como um dos principais responsáveis pela alta de preço dos alimentos no mundo. Desde 2005, os alimentos registram alta de 75% em termos reais, segundo a revista. O etanol de milho é produzido principalmente nos Estados Unidos.

A revista também defende o etanol brasileiro, ao afirmar que a política de subsídios americana se apóia em "uma versão relativamente suja do etanol". Para a publicação, seria melhor "importar o etanol brasileiro, feito à base de cana-de-açúcar", que tem menos impacto sobre a inflação.

Segundo a "Economist", há mais de 200 subsídios diferentes ao álcool americano. Isso estaria provocando uma reação de outros países, como Rússia e Venezuela, no sentido de controlar preços, visando a ajudar os consumidores e inibir os auxílios concedidos pelas autoridades americanas. O governo dos EUA também impõe um tarifa de importação de US$0,54 por galão de etanol, o que limita a entrada do produto brasileiro, lembra a publicação.

Um terço do milho dos EUA vai para álcool em 2007

O editorial alerta que neste ano, "os biocombustíveis vão tomar o nível recorde de um terço da colheita de milho nos EUA". E ironiza: "Encha o tanque de um utilitário esportivo com etanol e você terá gasto milho suficiente para alimentar uma pessoa por um ano inteiro". De acordo com a "Economist", as 30 milhões de toneladas de milho extra que serão destinadas à produção de álcool no país este ano representam metade da queda nos estoques globais de grãos.

O resultado, diz a revista, é que os preços sobem, trazendo problemas não apenas de acesso a alimentos pelos países pobres, como também para a natureza. Cada vez mais o preço dos grãos tem levado fazendeiros a desmatar florestas para plantar milho, segundo a "Economist". Além disso, os auxílios ao etanol americano têm sido mais vantajosos em relação a subsídios de cereais, por exemplo, encorajando produtores a mudarem de cultura. Para a "Economist", o fim dos subsídios aumentaria a produtividade agrícola e garantiria o suprimento de alimentos.