Título: PT: Planalto vai atuar na direção
Autor: Camarotti, Gerson; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 09/12/2007, O País, p. 3

De olho nas eleições de 2008, ministros do governo estarão na linha de frente.

SÃO PAULO. A direção nacional do PT que administrará as eleições de 2008 e organizará o jogo da sucessão de Lula em 2010 terá uma participação mais direta e formal do Palácio do Planalto. Mesmo antes da definição das eleições internas em segundo turno, que escolherá o futuro presidente no próximo domingo, o partido já inicia a montagem de seu comando, com os resultados das votações nas chapas internas fechados na semana passada. Já está acertado que ministros e parlamentares "mais qualificados" atuarão na linha de frente, ocupando parte dos cargos da direção partidária. O presidente Lula prefere Ricardo Berzoini a Jilmar Tatto, como declarou na semana passada, mas o tabuleiro está sendo armado para qualquer resultado.

- Em qualquer circunstância, a eleição deve servir para se fazer mudanças. E uma coisa mais desejável é a participação de ministros e também de parlamentares na direção. Uma das coisas que mais precisamos fazer é qualificar a direção do partido - diz o assessor especial de Lula Marco Aurélio Garcia, que integra a chapa de Berzoini.

Ministros da chapa de Berzoini vão compor direção nacional

De acordo com Garcia, o partido precisa estar organizado para as eleições de 2008 e se preparar melhor para 2010:

- Temos que ter um time muito bem qualificado e com representação social. Talvez na executiva seja mais difícil colocar ministros e parlamentares, pelas dificuldades práticas dos cargos, das tarefas administrativas, mas talvez eles ocupem vagas de vogais. Estamos estudando a forma - disse Garcia, depois de citar que todos os ministros da chapa, como Patrus Ananias (Combate à Fome), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), Paulo Bernardo (Planejamento), além do secretário pessoal do presidente, Gilberto Carvalho, como os nomes que comporão a direção do partido.

Uma das possibilidades estudadas é a mudança do método de funcionamento do Diretório Nacional (DN). Os ministros e parlamentares ficariam no DN - a chapa de Berzoini tem 36 das 80 vagas do Diretório e oito dos 18 cargos da executiva, que teria suas atribuições políticas amplificadas.

- Nós poderemos também qualificar a direção pelo Diretório Nacional. Mas a participação do Diretório (no exercício do poder interno) terá que ser muito maior. O Diretório Nacional do PT não pode ser só um parlamento, que se reúne quatro vezes por ano, como acontece normalmente. Estaremos em um período muito fértil para as articulações políticas e eleitorais. Precisaremos de uma participação muito maior e de uma direção mais qualificada, com um Diretório muito mais participativo - disse o assessor especial de Lula, que atualmente é um dos vice-presidentes do PT e deverá se manter na direção do partido em 2008.

Berzoini quer movimentos sociais também bem representados

Berzoini afirmou que concordou com a idéia, mas deseja que as representações externas ao governo, principalmente dos movimentos sociais e sindicais, tenham cargos de direção no partido. Segundo afirmou, não é apenas o presidente Lula ou Garcia que estão preocupados com a qualificação da direção nacional para os anos eleitorais.

- O PT tem regras, estatuto e a participação é por proporcionalidade. Cabe a cada chapa indicar seus membros do Diretório Nacional e da executiva. Eu, pessoalmente, acho que é importante haver representações diversificadas: movimento social, sindical, administração municipal, estadual, federal e outros âmbitos. Quanto mais diversificada melhor - disse.

Ele considera que a participação de ministros e parlamentares será fundamental, mas argumentou que os nomes ainda não estão definidos.

- Esse é um debate que não fizemos ainda plenamente. Mas é óbvio que temos que ter a diversidade. Todos são filiados ao PT e têm legitimidade. Desde o militante da base, do movimento social, até os ministros. Não há uma preocupação só do presidente, mas de todos nós, de garantir essa representatividade. Que o PT tenha um ministro exercendo sua militância e um companheiro da luta pela moradia também, cada um traçando estratégias para alcançar seus objetivos - afirmou Berzoini.