Título: Senado concentra as atenções do governo
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 09/12/2007, O País, p. 8

CONFRONTOS NO CONGRESSO: PMDB indica candidato na terça-feira, e eleição está marcada para o dia seguinte.

Além da CPMF, disputa pela presidência da Casa exige atenção do Planalto, que quer José Sarney no cargo.

BRASÍLIA. Se não bastassem as dificuldades que enfrenta para garantir os 49 votos necessários para a aprovação da prorrogação da cobrança da CPMF até 2011, o governo ainda terá de administrar com cuidado a disputa pelo comando do Senado. Desde que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou ao cargo de presidente da Casa para salvar o próprio mandato, não param de surgir candidatos na bancada peemedebista.

Oficialmente, cinco senadores já anunciaram disposição de concorrer ao cargo: Garibaldi Alves (RN), Neuto de Conto (SC), Valter Pereira (MS), Leomar Quintanilha (TO) e Pedro Simon (RS), lançado por um movimento suprapartidário. O nome preferido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, é o do ex-presidente José Sarney (AP).

Ele tem resistido publicamente, mas até amanhã costura um acordo com o PMDB e a oposição para sair como o nome de consenso que ocupará a cadeira que foi de Renan até a última semana. A eleição está marcada para quarta-feira, mas, na terça-feira, a bancada se reúne novamente para indicar sua escolha.

Sarney teme virar alvo de denúncias da oposição

Os seis candidatos existentes até agora têm perfis bem distintos. Simon é franciscano, fez voto de pobreza e, em 25 anos de Senado, nunca enfrentou questionamentos éticos. Sarney também passou incólume pela longa trajetória de cargos públicos. O mesmo não se pode dizer dos demais, alvos de processos e variadas denúncias.

A preocupação maior de Sarney é justamente virar alvo de denúncias da oposição, a exemplo do que aconteceu com Renan Calheiros, na medida que é hoje um dos principais conselheiros do governo e seu enfraquecimento poderia respingar no Palácio do Planalto. Também não lhe agradaria o fato de exercer um mandato tampão, de apenas um ano, o que lhe impediria de concorrer ao cargo novamente em 2009. Se Sarney se candidatar, poderá ser a terceira vez que presidirá o Senado.

Para governo, Pedro Simon é pouco confiável

Se oficializar sua candidatura, Simon pode ser um entrave para o governo. Festejado na oposição, ele não agrega nem entre os renanzistas, nem entre os governistas, que o vêem como uma pessoa pouco confiável. Embora quase tenha sido nomeado ministro no primeiro mandato de Lula, tornou-se um crítico implacável do governo com a divulgação das primeiras denúncias de corrupção do mensalão na gestão petista. Não poupou também o PT pela expulsão da ex-senadora Heloisa Helena (AL), hoje no PSOL, depois que esta votou contra a reforma da Previdência. Ficou famoso por pedir, da tribuna, a demissão de vários ministros, nos últimos governos. Tem sido sempre um defensor da ética na política.