Título: Projeto da Guiana sobre Amazônia preocupa o Brasil
Autor: Oliveira, Eliane; Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 09/12/2007, O Mundo, p. 57

BRASÍLIA. A notícia de que o presidente da Guiana, Bharrat Jagdeo, estaria oferecendo a administração da parte da floresta amazônica que cabe ao país aos britânicos deixou o Brasil em alerta. O Itamaraty e o Ministério do Meio Ambiente evitaram fazer críticas diretas, mas se apressaram em defender a proposta do Brasil de se fazer acordos de cooperação trilaterais que, argumentam autoridades brasileiras, não ferem a soberania do país-sede.

Em meio à polêmica, há uma realidade, na opinião de Carlos Francisco Rossetti, professor de engenharia florestal da UnB, da qual não se pode fugir. Os países amazônicos não têm condições de desenvolver pesquisas e estudos sobre fauna e flora, por exemplo, com a mesma competência de nações desenvolvidas, como Inglaterra.

- Não podemos nos dar ao luxo de perder ajuda internacional alegando soberania.

Rossetti concorda com a proposta brasileira, mas afirma que, ao contrário do que diz o governo, o Brasil não detém tecnologia nem recursos para empreendimento de tal envergadura. Mas pode compartilhar o conhecimento que dispõe com vizinhos e países ricos interessados em fazer o monitoramento, em acordos trilaterais.

- Precisamos conhecer os termos do acordo a ser negociado. O fato é que não se pode, claro, deixar que países ricos, que destruíram suas florestas, desrespeitem as nações amazônicas - disse Rossetti.

Ele lembrou que, no início da década de 90, os britânicos realizaram um trabalho razoável em Cuba. Brasil e França, completou Rossetti, também desenvolveram atividades na Guiana Francesa. (E.O.)