Título: Governador recebe senador contrário à CPMF
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 11/12/2007, O País, p. 4

União repassou R$3 bilhões a São Paulo em quatro anos.

SÃO PAULO. Para o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), a votação da CPMF é um assunto "estrito da bancada do Senado", mas que precisa passar por uma negociação que beneficie a área de saúde, "que carece de muitos recursos".

- Se pudesse haver um entendimento nessa direção seria bom, mas isso depende do governo, isso depende da dinâmica do Senado. Estamos aí na expectativa - disse, explicando o que seria um bom entendimento: - Um entendimento que pudesse conduzir substanciais recursos a mais para a saúde.

Adib Jatene volta a defender o imposto que criou

Antes de inaugurar a nova unidade do Incor, José Serra se reuniu, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, com o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um dos mais ferrenhos críticos da CPMF. O governador, no entanto, negou que tivesse tentado convencê-lo a mudar de posição e aprovar a renovação do tributo.

- Ficamos trocando figurinhas. Nada crítico ou decisivo - resumiu Serra.

Presente à inauguração do Incor, do qual foi um dos fundados, o médico Adib Jatene, criador da CPMF no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando foi ministro da Saúde, voltou a defender a continuidade do tributo.

- A CPMF foi criada como provisória aguardando uma reforma financeira. A reforma financeira não aconteceu até hoje, então não há como abrir mão de um recurso desse tipo - disse Jatene.

Secretário do ministério fala da CPMF em discurso

No começo da solenidade, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, José Carvalho de Noronha, que representou o ministro José Gomes Temporão, abordou a CPMF em praticamente todo o seu discurso.

- Este é um exemplo do que pessoas fazem quando colocam os interesses político-partidários de lado - alfinetou Noronha, ao falar da obra inaugurada.

Segundo ele, dos R$16 bilhões que o governo federal repassou a São Paulo nos últimos quatro anos, R$3 bilhões têm origem na CPMF. Dos R$42 bilhões que o governo pode deixar de arrecadar caso o tributo não seja renovado, Noronha disse que cerca de R$20 bilhões são destinados à saúde. (Adauri Antunes Barbosa)