Título: Sarney diz que não será candidato
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 11/12/2007, O País, p. 8

Mas se recusa a assinar documento.

BRASÍLIA. O desgaste da imagem do Senado e a vontade de aproveitar os anos que lhe restam com coisas mais agradáveis fizeram o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) desistir de considerar o apelo feito pelo presidente Lula para que assumisse a vaga deixada por seu companheiro Renan Calheiros (PMDB-AL).

Apesar da pressão da cúpula peemedebista, mantinha-se firme até ontem em sua decisão de não disputar o comando da Casa. Segundo Sarney, nem mesmo se toda a bancada do PMDB lhe fizer um apelo, na reunião marcada para as 9h de hoje, ele mudará de idéia. Lisonjeado com o chamamento geral, mas tranqüilo com a decisão de recusá-lo, ele entrou na brincadeira promovida pelo jornalista Ricardo Noblat, que, em seu site no Globo Online, lhe enviou um documento para que assinasse atestando que se recusaria a ser o candidato em qualquer hipótese. Sarney não assinou o documento, mas ligou para o jornalista e disse:

- Minha palavra vale tanto quanto a minha assinatura - respondeu Sarney, citando Flores da Cunha, ex-governador do Rio Grande do Sul e um dos fundadores da UDN, que usou essas mesmas palavras para ter uma ordem atendida por um funcionário durante sua gestão como presidente da Câmara.

Mesmo admitindo que o documento enviado por Noblat reiterava o que ele próprio havia declarado publicamente, que não seria candidato em hipótese alguma, Sarney justificou sua recusa em assiná-lo:

- Não assinarei o papel que você me mandou porque minha palavra vale tanto quanto a minha assinatura. Tudo o que está no papel corresponde ao que já lhe disse há menos de um mês e ao que continuo sustentando. Não sou e nem serei candidato à vaga de Renan, nem mesmo se todos os partidos me pedissem. Terei, no máximo, mais dez anos de vida útil. Você acha que vou querer gastar um deles administrando o Senado nessas circunstâncias? - disse Sarney.