Título: Candidatura de Garibaldi se fortalece
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 11/12/2007, O País, p. 8

PMDB pode fechar hoje acordo e lançar nome para presidência do Senado.

BRASÍLIA. Diante da recusa do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) a disputar a presidência do Senado e da resistência do Palácio do Planalto ao nome do senador Pedro Simon (PMDB-RS), cuja candidatura foi lançada semana passada pelo petista Eduardo Suplicy (SP), a estratégia dos governistas ontem era investir novamente em Garibaldi Alves (PMDB-RN). Para anunciar uma posição de consenso da reunião da bancada, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), fechou um acordo ontem entre os outros quatro candidatos à vaga, pelo qual três deles abririam mão de concorrer em favor do que tivesse maior aceitação na bancada.

Esse acordo poderá viabilizar uma decisão hoje no PMDB favorável à candidatura de Garibaldi - o primeiro a manifestar interesse no cargo - na eleição marcada para amanhã.

Na busca de consenso dentro e fora do PMDB, Raupp conversou ontem com os cinco candidatos do partido à presidência do Senado. O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO), presidente do Conselho de Ética, que enfrenta um processo no Supremo Tribunal federal (STF) por corrupção, foi o primeiro a sinalizar que pode abrir mão da disputa em nome do consenso. Chegou a liberar um de seus eleitores, o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), da bancada renanzista, até então resistente ao nome de Garibaldi.

- Tinha me comprometido com o Leomar Quintanilha, mas como ele me comunicou que não pretende seguir na disputa, meu voto vai para o Garibaldi - anunciou Salgado, prevendo que seu candidato deverá ter pelo menos 15 dos 20 votos da bancada do PMDB.

Os outros dois candidatos peemedebistas, Neuto de Conto (SC) e Valter Pereira (MS), teriam se comprometido com Raupp a seguir os passos de Quintanilha, se fosse confirmado o favoritismo de outro candidato. Simon foi o único que se negou a abrir mão da disputa. Da tribuna do Senado, Suplicy voltou a defender a candidatura do senador gaúcho, a despeito das preocupações levantadas pelo governo diante de uma eventual vitória de Simon. A avaliação do Planalto é a de que sua independência pode se transformar num fator de risco e instabilidade em votações de interesse do Executivo.

- Acho que o senador Simon vai ser presidente do Senado - aposta Suplicy.

Cristovam insiste na candidatura de Simon

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), outro defensor da candidatura de Simon, informou que ontem obteve mais uma assinatura, além das 29 que já havia confirmado sexta-feira, em apoio ao nome do senador gaúcho: a de Papaléo Paes (PSDB-AP). Sua expectativa é de que hoje consiga mais quatro.

- O povo brasileiro está de olho no Senado. Precisamos de um nome que resgate a imagem da Casa - disse Cristovam.

O movimento pró-Simon, no entanto, tornou a candidatura de Garibaldi mais palatável dentro do PMDB e na base governista. Até então, o senador do Rio Grande do Norte vinha sofrendo restrições do grupo renanzista, por ele ter anunciado seu voto a favor da cassação do colega alagoano em seu primeiro julgamento. Também no PT seu comportamento como relator da CPI dos Bingos, conhecida como CPI do Fim do Mundo, era criticado.

- Vou ter a maioria dos votos - previa Garibaldi.