Título: ONU: evolução do saneamento básico no Brasil é insuficiente
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 11/12/2007, O País, p. 9

País terá dificuldade para atingir Metas do Milênio

BRASÍLIA. A falta de saneamento básico é a principal pedra no caminho do Brasil para atingir as Metas do Milênio, fixadas há sete anos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Relatório divulgado ontem pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostra que o país ainda deixa a desejar no ritmo de expansão das redes de coleta de esgoto. O texto classifica a evolução brasileira de insuficiente para atingir os objetivos que devem ser alcançados até 2015. No entanto, o país apresenta bom desempenho em tarefas como combate à desnutrição infantil, aumento da freqüência escolar e redução das mortalidade de crianças até 5 anos.

De acordo com o relatório, o país oferecia saneamento básico a 75% dos habitantes em 2004, data do último levantamento enviado à ONU. O serviço evoluiu pouco desde 1990, quando 71% dos brasileiros tinham acesso às redes de coleta. O ritmo de expansão está aquém do necessário para que o país chegue à meta de 86% de cobertura até 2015. O dado é mais preocupante quando comparado aos de outros países da América do Sul: dos nove países pesquisados no continente, só a Bolívia teve um desempenho pior nos últimos 17 anos. O texto lembra que a falta de saneamento contribui para a morte de mais de 1,5 milhão de crianças por ano no mundo.

O estudo alerta para o índice de mortalidade materna no país. Segundo dados de 2005, 110 brasileiras morrem em decorrência de complicações na gravidez ou no parto a cada 100 mil crianças nascidas. O Unicef considera que o Brasil apresenta evolução moderada nesse item do conjunto de Metas do Milênio.

Um dos maiores avanços brasileiros foi no combate à desnutrição infantil: desde 1990, o país tem reduzido o índice de crianças abaixo do peso numa velocidade de 2,9% ao ano. O Unicef considera que o país está no caminho certo para atingir a meta da ONU, embora o problema ainda atinja 6% das crianças até 5 anos. O relatório também elogia os esforços para reduzir a mortalidade infantil. Em 2006, vinte a cada mil crianças morriam antes de completar 5 anos. Em 1990, esse índice era de 58 por mil nascidos vivos.