Título: Anatel recebe propostas do leilão de telefonia 3G hoje
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 11/12/2007, Economia, p. 32

Empresas reclamam do preço mínimo fixado em edital.

SÃO PAULO. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recebe hoje as propostas das empresas que disputam a concorrência para a telefonia móvel de terceira geração (3G), tecnologia que permite transmissão de dados em alta velocidade, em banda larga. Será a maior licitação desde a privatização do Sistema Telebrás, e os vencedores serão conhecidos na próxima terça-feira. De acordo com o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, as "expectativas do governo são altas".

A Anatel vai leiloar 44 licenças pelo preço mínimo de R$2,8 bilhões. O Estado do Rio encabeça a chamada região 1 (de um total de 11), que inclui ainda Espírito Santo, Bahia e Sergipe. Os preços mínimos para essa área vão de R$163,66 milhões (faixas de freqüência de 20 MHz) a R$245,5 milhões (freqüência de 30 MHz, mais potente).

Apesar do interesse na disputa, as operadoras reclamam do preço mínimo - considerado elevado para permitir a rentabilidade do negócio - e da proposta da Anatel de privilegiar os municípios menores e economicamente menos atrativos. Pelo edital, quem levar a Região Metropolitana de São Paulo terá de prestar o mesmo serviço nos estados de Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão e Roraima.

Para o presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, as regras são "extremamente desvantajosas", pois a empresa não tem infra-estrutura no Norte. Ele afirmou que deve priorizar as áreas em que já atua, no Sul e no Centro-Oeste. O presidente da Vivo, Roberto Lima, também criticou a agência.

- A pergunta não é se queremos entrar. É se podemos ficar de fora, e não podemos - disse Lima.

Anatel vai medir o grau de satisfação dos usuários

Sardenberg, que participou de seminário ontem em São Paulo, rebateu as críticas, afirmando ainda que "é natural que quem levar o filé também tenha de levar o osso". Para ele, "vai haver certa luta" entre as operadoras.

Pressionada pelo elevado número de queixas contra as operadoras de telefonia, a Anatel vai fazer em 2008 uma pesquisa nacional para medir a satisfação dos usuários. Para o presidente da agência, a situação "é muito negativa para as empresas", e é preciso haver "maior esforço" para resolver o problema.

- Só na Anatel recebemos mais de três mil ligações por dia - afirmou.

A Anatel também quer regulamentar os conselhos de usuários nas empresas. Segundo Sardenberg, as empresas são livres para definir o funcionamento dos conselhos, mas cabe à Anatel "uniformizar" sua operação.