Título: Planalto recua e faz proposta também ao PSDB
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 12/12/2007, O País, p. 3

CONFRONTOS NO CONGRESSO: Recursos do tributo para o setor passariam de R$15 bi para R$45 bi em três anos.

Lula convoca reunião de emergência para discutir oferta a tucanos de dar todo o dinheiro da CPMF para a saúde

Gerson Camarotti e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. Sem os votos na base aliada para conseguir aprovar a CPMF, o Palácio do Planalto fez um último gesto na noite de ontem para conseguir o apoio do PSDB e votar hoje no plenário a prorrogação do imposto. Uma reunião de emergência com vários ministros, contando com a presença do ex-ministro e deputado Antonio Palocci (PT-SP), foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para tentar fechar uma nova proposta considerada " irrecusável" pelo líder Romero Jucá (PMDB-RR). O governo propôs destinar todo o dinheiro arrecadado com a CPMF para a saúde.

De acordo com a proposta, a saúde receberia nos próximos três anos um complemento de recursos de R$45 bilhões, ao invés de R$15 bilhões. Essa proposta contava com o aval do governador tucano José Serra (SP). Da reunião no Planalto participaram os ministros Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil) e José Múcio (Relações Institucionais). O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), foi chamado por Lula para intermediar a negociação com o PSDB. Os senadores tucanos estavam reunidos no gabinete do presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE). Saíram dizendo que continuam mobilizados para votar contra. Guerra disse que não houve proposta formal:

- Não vou falar por hipótese se o governo vai ou não mandar uma proposta. Não vou desarticular toda a mobilização do partido de votar unido contra a CPMF por causa de boatos.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) denunciou da tribuna, à noite, as novas pressões e repudiou a possibilidade de o PSDB mudar de posição. O senador Papaléo Paes (PSDB-AP), que já estava em casa e foi chamado de volta ao Senado, assustou-se com a notícia de que o PSDB estava mudando de posição:

- Perguntei ao Sérgio Guerra se era verdade que o PSDB estava mudando de posição. Ele falou para eu desmentir isso.