Título: Temporão: ideologia turvou debate sobre CPMF
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 13/12/2007, O País, p. 11

Ministro da Saúde faz corpo-a-corpo com secretários estaduais e políticos na tentativa de prorrogar imposto.

BRASÍLIA. Em campanha para tentar aprovar a prorrogação da CPMF e num corpo-a-corpo com políticos, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, considerou que o embate virou também uma disputa partidária e eleitoral. Para ele, esse fator atrapalhou a discussão e deixou de lado as questões primordiais da saúde, como garantir melhor funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Temporão admitiu que, com a eventual rejeição à CPMF (confirmada na votação), o governo terá dificuldade para alocar recursos para suprir a falta dos R$24 bilhões da saúde.

- Houve contaminação por questões políticas, partidárias e ideológicas que turvaram um pouco o cenário, como se tivessem colocado um véu na frente. Quando as paixões e visões ideológicas se colocam à frente do interesse maior da sociedade, todos perdem - afirmou Temporão na manhã de ontem, após encontro com os secretários estaduais de saúde.

Orçamento da Saúde está garantido, diz ministro

O ministro afirmou que não há sentido em fazer terrorismo com a perspectiva de fim da CPMF e que o orçamento do Ministério da Saúde está garantido, mas admitiu que o governo terá que ir em busca de outras fontes para compensar o fim do imposto.

- É evidente que o governo terá de investir da política macroeconômica. Ele terá dificuldade em cumprir a arrecadação. A perda não vai se dar na manutenção do que já existe, mas nos recursos do PAC da Saúde. Esses sim são recursos imprescindíveis para melhorarmos o padrão de qualidade do sistema de saúde, para atender à expectativa da população brasileira, para ampliar a cobertura, reduzir as diferenças regionais e ampliar o atendimento de urgência e emergência - afirmou Temporão.