Título: Governo Lula tem sua mais alta avaliação no ano
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 13/12/2007, O País, p. 14

Segundo Ibope, 51% aprovam gestão do presidente, três pontos a mais do que em setembro; confiança é de 60%.

BRASÍLIA. A avaliação positiva da população sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu três pontos percentuais e chegou a 51%, segundo pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada ontem. Trata-se da maior aprovação desde dezembro de 2006, quando 57% consideravam o governo ótimo ou bom, e o segundo maior patamar dos dois mandatos, empatado com o de março de 2003.

Entre os entrevistados pelo Ibope, 31% classificaram o governo como regular (contra 32% há três meses) e 17%, como péssimo ou ruim (em setembro eram 18%).

Aprovação em todas as classes socioeconômicas

O governo é aprovado em todas as camadas socioeconômicas, com maior margem na Região Nordeste, nos municípios de até 20 mil habitantes e entre aqueles com renda familiar de até um salário-mínimo e que estudaram até a 4ª série.

A confiança no presidente Lula se manteve estável, repetindo a performance de 60% registrada na última pesquisa. O número de pessoas que não confiam no presidente foi de 37% (a margem de erro da pesquisa é dois pontos percentuais para mais ou para menos). A avaliação positiva sobre a forma como Lula governa o país oscilou de 63% para 65%, enquanto a desaprovação caiu três pontos, indo para 30%. O único segmento que reprova Lula é o dos que recebem mais de dez salários mínimos, com 50%. O diretor de Relações Institucionais da CNI, Marco Antônio Guarita, explicou a vantagem de Lula sobre o próprio governo:

- Ele tem uma dimensão pessoal bastante forte junto à população. Isso não pode ser desprezado - disse.

Guarita credita o bom desempenho do governo e do presidente à percepção de melhora da economia (mais pessoas disseram acreditar que não haverá aumento da inflação e do desemprego); ao crescimento da visão do noticiário positivo para o governo; e à sensação de que a vida em geral melhorou. O levantamento mostrou que 50% dos entrevistados acreditam que a vida melhorou nos últimos dois anos, contra 37% que não vêem mudanças e 12% que acham que houve piora na qualidade de vida.

- Esse último é o mais importante. A gente sabe que pesquisas feitas no final do ano podem ser influenciadas pelo otimismo das festas e do 13º, mas o desempenho da economia realmente contaminou a população - disse o diretor da CNI.

Os entrevistados também demonstraram otimismo em relação ao futuro. Para 36%, 2008 será muito bom; 52% crêem que o próximo ano será bom; e apenas uma minoria prevê um ano ruim (4%) ou muito ruim (3%). Para 43%, a melhoria do salário mínimo é a maior tarefa do governo em 2008, seguida de melhoras em educação e saúde (36%), segurança (32%) e redução de impostos (21%).

A pesquisa quis saber ainda quais foram as notícias relacionadas ao governo mais lembradas. A CPMF lidera a lista, com 22% das menções. Apesar de não estar diretamente ligada ao Executivo, os escândalos envolvendo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) foram lembrados por 10% dos entrevistados. Em seguida aparecem a crise aérea (9%) e as viagens de Lula (7%).

Reserva de petróleo, PAC e TV digital pouco citados

As notícias valorizadas pelo governo pelo seu teor positivo não tiveram o mesmo espaço na memória dos entrevistados. A alardeada descoberta de uma grande reserva de petróleo na Bacia de Santos só foi citada por 6% do total. Também não foram muito citados o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a implantação da TV digital, ambos com 2%, assim como a ascensão do Brasil no Índice de Desenvolvimento Econômico (IDH) e o lançamento do PAC da Segurança, que atingiram apenas 1% das lembranças.

A pesquisa CNI/Ibope entrevistou 2.002 pessoas entre 30 de novembro e 5 de dezembro, em 141 municípios. Foram ouvidos eleitores com pelo menos 16 anos.(*) Do Globo Online

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