Título: Economistas elevam as projeções de crescimento da economia em 2007
Autor: D'Ercole, Ronaldo; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 13/12/2007, Economia, p. 30

PIBÃO: Revisão do PIB dos primeiros trimestres pelo IBGE influencia analistas.

Estimativas de especialistas para o ano ficam agora entre 5,1% e 5,5%.

SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no terceiro trimestre surpreendeu o mercado, levando bancos, consultorias e entidades empresarias a alterar para cima suas projeções para o crescimento da economia este ano. As novas apostas ficaram entre 5,1% e 5,5%.

Um dos fatores que fizeram os analistas revisarem suas previsões foi a alteração, pelo IBGE, dos números do desempenho do PIB no primeiro e no segundo trimestres de 2007, em relação aos trimestres imediatamente anterior. A taxa subiu de 0,9% para 1,1% no primeiro trimestre e de 0,8% para 1,3%, no segundo.

- Só isso será suficiente para subir as projeções. Na semana que vem, daremos os novos números - disse José Ronaldo de Souza Júnior, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O diretor do Departamento de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, classificou o resultado de "uma surpresa que alegra". Ele observou que não há sinais de ameaça a esse cenário favorável, motivo pelo qual a entidade elevou de 4,8% para 5,4% a projeção para o avanço do PIB em 2007:

- Vivemos um período virtuoso e vamos assistir a um ano daqueles de que gostamos, em que o PIB industrial vai crescer mais que o do país.

Iedi: mercado interno põe cortina de fumaça no câmbio

Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), destacou a "pujança" da indústria de transformação como fator determinante para a alta do PIB ter rompido a marca dos 5%. Apesar de a sobrevalorização cambial e o aumento das importações inibirem um crescimento maior da economia, o Iedi aposta numa alta de 5,5% do PIB no ano, acima dos 5% com que trabalhava.

- O mercado interno forte está colocando uma cortina de fumaça sobre os efeitos do câmbio - disse Gomes de Almeida.

Para Sérgio Vale, economista da MB Associados, os números indicam que, no quarto trimestre, o PIB deve crescer mais que no terceiro, em torno de 6,1%. A MB espera expansão de 5,5% para 2007. Vale advertiu, porém, para o fato de o PIB potencial (aquele que permitiria ao país crescer sem inflação) evoluir a uma taxa de 4,2%, abaixo do desempenho do PIB:

- Isso abre a possibilidade de uma inflação maior em 2008, atrapalhando a retomada da queda dos juros.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Base e Infra-estrutura (Abdib), Paulo Godoy, afirmou que o país tem condições para a economia crescer 5% ou mais este ano. Exigiu, no entanto, melhores condições para assegurar novos investimentos:

- Para sustentar o crescimento econômico, é necessário incrementar os programas e políticas de formação de mão-de-obra especializada.

Já o economista-chefe do banco Dresdner, Nuno Camara, elevou as contas para o avanço do PIB este ano de 4,8% para 5,1%. Mas ele não acredita que o Banco Central (BC) será mais conservador na política de juros.

- A taxa de investimento está vindo forte. Isso pode indicar que a oferta está equilibrada frente à demanda, sem gerar pressão inflacionária - disse Camara, para quem o BC voltará a cortar juros em abril de 2008, encerrando o ano com a Selic em 10,25% ao ano.

COLABOROU Patrícia Duarte