Título: De patinho feio a locomotiva
Autor: Rodrigues, Luciana; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 13/12/2007, Economia, p. 31

Após resultado fraco no 1º semestre, agropecuária avança 9,2%.

Graças ao bom desempenho das lavouras de cana-de-açúcar e de trigo - que têm mais de metade de suas safras concentradas no terceiro trimestre - a agropecuária registrou expansão de 9,2% no PIB, frente ao mesmo período do ano passado. Segundo projeções do próprio IBGE, a safra de trigo deve crescer mais de 60% este ano. E a de cana-de-açúcar deve ter alta de 9,3%.

Os produtores de cana estão revisando sistematicamente para cima sua previsão para a safra 2007/2008, que será recorde. Ontem, a Unica, associação que reúne a indústria canavieira do Centro-Sul do país, divulgou uma estimativa de 425 milhões de toneladas para a safra, numa expansão de 14%. O acréscimo será quase exclusivamente para a produção de álcool, já que a Unica prevê um crescimento de apenas 1,6% no processamento de açúcar. No álcool, o crescimento será de 23%.

Assim, a agropecuária, que até então era considerada o patinho feio da economia brasileira este ano (em setembro, o IBGE divulgara uma expansão de apenas 1,4% do setor no primeiro semestre), virou a locomotiva do PIB no terceiro trimestre. A agropecuária cresceu bem acima da indústria (5%) e dos serviços (4,8%). Além disso, com a revisão feita pelo IBGE nos dados do início do ano, o setor ganhou ainda mais relevância.

Até então, pelos dados do IBGE, a agropecuária crescera 2,9% no primeiro trimestre e só 0,2% no segundo trimestre. Mas, agora, o instituto revisou essas taxas para 3,7% e 1,1%, respectivamente.

- Foram incorporadas informações mais atualizadas de 2005. Esses dados novos mostram que soja, algodão e milho têm peso maior no PIB. E essas são safras que estão crescendo este ano - explicou Rebeca Palis, da coordenação de Contas Nacionais do IBGE.

No caso do algodão, o levantamento de safra do IBGE prevê uma produção 3,8% maior este ano. Para o milho, a estimativa é de expansão de 5,5% e, para a soja, de 2%. Esses dois grãos cresceram graças a uma alta de preços provocada pelo avanço do etanol nos Estados Unidos, onde o combustível é feito a partir do milho e está roubando área de plantio também da soja.