Título: Mantega muda o tom e já não fala em tragédia
Autor: Beck, Martha; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 14/12/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. Um dia após a derrota na votação da CPMF, o ministro Guido Mantega abandonou o discurso catastrófico e minimizou a perda de arrecadação. Após chegar a afirmar que, sem a CPMF, o governo estaria "perdido", a ordem ontem era contemporizar. Ele disse que a economia em 2008 crescerá ainda mais do que em 2007 e afirmou que, em um primeiro momento, apenas programas da área de saúde serão afetados.

- Não será a não-aprovação da CPMF que vai prejudicar o andamento das coisas no Brasil. Se alguém tinha intenção de atrapalhar esse cenário positivo, está enganado, porque não permitiremos que isso aconteça - afirmou o ministro.

O discurso foi bem diferente do que Mantega fazia semanas atrás:

- Ninguém acredita que vamos fazer o milagre de absorver R$40 bilhões sem ter perdas para todos, principalmente para a população de baixa renda.

Em setembro, o discurso era ainda mais pessimista:

- Será trágico para o país, não para o governo.

Ontem, Mantega apontou prejuízos ao país, mas minimizou seus efeitos:

- Isso não afetará o crescimento do país, o que ficou afetado foi a área da saúde. Para os demais setores, vai depender de estudo, destas medidas que vamos tomar. Vamos nos aplicar para que haja o menor prejuízo possível - afirmou o ministro, enaltecendo a economia brasileira:

- Garanto que, no ano que vem, a economia brasileira crescerá a uma taxa maior do que estamos crescendo este ano, com o mesmo vigor, o mesmo equilíbrio.