Título: Desgaste pode atingir governo e oposição
Autor: Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 14/12/2007, O País, p. 9
"Ficou evidente que o fisiologismo não é um bom método de articulação", diz Oliveira.
SÃO PAULO. Mais do que uma vitória dos setores que defendem a redução da carga tributária ou um risco para os programas sociais, o fim da CPMF tem um significado político na disputa entre governo e oposição. A opinião é do cientista político Francisco de Oliveira e do economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Para Oliveira, a derrota no Senado evidencia que o modelo de articulação política adotado pelo governo Lula não funciona.
- Ficou evidente que o fisiologismo não é um bom método de articulação. O governo não controla nem sua base. É melancólico - disse Oliveira, professor emérito da USP.
Já Belluzzo vê risco de a oposição sair desgastada:
- Só o tempo vai dizer como a população e o eleitorado vão reagir a isso. A oposição corre o risco de pagar o preço pelo medo de que os programas sejam cortados - disse Beluzzo, ex-secretário nacional de Política Econômica e professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Ele concorda que a não prorrogação da CPMF não deve ter impacto significativo nos investimentos na área social.
- Em geral é muito difícil cortar nestes programas, mas isso pode acabar afetando os investimentos projetados para obras que ainda não começaram - avaliou.