Título: O prejuízo recairá sobre as empresas
Autor: Novo, Aguinaldo; Aggege
Fonte: O Globo, 14/12/2007, O País, p. 16

Ministros dizem que política industrial será prejudicada com fim da CPMF.

BRASÍLIA E CARACAS. A rejeição da CPMF no Senado foi um duro golpe na área desenvolvimentista do governo, que assiste, preocupada, à suspensão das desonerações fiscais previstas na nova fase da política industrial e à redução da carga sobre a folha salarial, uma das maiores demandas empresariais. As mensagens transmitidas ontem pelos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, foram que, mesmo que saia um novo pacote de benefícios, ele será bem mais magro do que idealizado anteriormente.

- A CPMF afetará a nova política industrial e seu conteúdo. O prejuízo recairá sobre as empresas - disse Miguel Jorge, que acompanhava a visita do presidente Lula à Venezuela.

O aumento da lista de máquinas e equipamentos isentos do IPI, do PIS e Cofins, que vinha sendo pedido com insistência ao Ministério da Fazenda, deverá ser novamente engavetado. A avaliação de técnicos do governo é a de que o pacote trará como incentivos medidas de desburocratização, simplificação de procedimentos e a liberação de linhas de financiamento, boa parte do BNDES.

Ontem, em Caracas, Miguel Jorge avisou que as medidas para a indústria seriam adiadas, agora indefinidamente, deixando claro que as empresas - que têm comemorado o fim da CPMF - terão de arcar com as perdas de receita do setor público. Mantega foi ainda mais taxativo: a nova política industrial está prejudicada , porque o governo ficou sem recursos para fazer as desonerações, inclusive na folha de pagamento, sobre a qual os estudos estavam ainda mais adiantados.

- Neste momento, suspendemos a política industrial, porque ficamos com menos recursos para fazer as desonerações - afirmou Mantega.

Nos bastidores, prevê-se uma árdua luta de Miguel Jorge com a área econômica. Desde que assumiu o cargo, em março, ele vem prometendo medidas para estimular setores estratégicos, como defesa, de equipamentos hospitalares e medicamentos, automotivo e eletroeletrônicos. O ministro deve buscar apoio de outros setores do governo para minimizar as perdas - especialmente da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

(*) Enviado especial