Título: Brasileiros adiam compras para janeiro
Autor: Melo, Liana; Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 14/12/2007, O País, p. 18

Segundo RJZ Cyrela, preços dos imóveis podem cair.

O publicitário Gustavo Bastos já tinha acertado a troca de seu carro para a próxima semana. Mas, com a rejeição da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) pelo Senado, o empresário, sócio da agência de propaganda 11/21, decidiu mudar os planos. Para poupar quase R$400 em tributos, ele optou por comprar seu novo automóvel apenas em janeiro. Como ele, milhares de brasileiros estão decidindo postergar algumas compras, afirmam advogados.

- Sempre troquei de carro no fim do ano. Mas, desta vez, vou aproveitar a decisão do Senado e comprar apenas em janeiro. São quase R$400 que ficam no meu bolso. As montadoras vão fazer promoções para comprar em dezembro e pagar só em janeiro. É isso que deve acontecer. Acho que quem tiver como adiar, é o melhor a fazer. Menos imposto é mais consumo em qualquer lugar do mundo - diz Bastos.

A dona-de-casa Maria Joaquina Rodrigues também decidiu adiar a compra de sua nova geladeira para janeiro. De acordo com suas contas, o eletrodoméstico custa R$700. E, sem a CPMF, ela vai economizar R$2,66:

- É pouco, eu sei. Mas no fim do mês é uma diferença. Acho um absurdo esse imposto. A carga tributária no país é muito alta. Às vezes, antes de comprar qualquer coisa, tenho de fazer as contas para saber se vou ter dinheiro só para os impostos - ressalta Maria.

Entre os advogados, a recomendação é postergar as compras. Segundo Cândida Caffé, do escritório Dannemann Siemsen, quem tiver condições deve fazer as transferências bancárias apenas no dia 2 de janeiro.

- Mesmo que os contratos sejam fechados antes do fim do ano, a CPMF só é cobrada quando há a transferência bancária. E isso vale para qualquer tipo de atividade, desde a compra de uma roupa, que é uma transferência interna, até uma remessa de divisas para o exterior. O fim da CPMF vai desonerar as empresas. Hoje, quando se compra um produto, já tem uma carga tributária embutida. Por isso, os consumidores vão sentir um alívio no orçamento - ressalta Cândida.

Na opinião de Creuza de Abreu Vieira Coelho, advogada do escritório Campos Mello, Pontes, Vinci & Schiller Advogados, a melhor opção é adiar o débito das compras.

- Mas melhor que isso é não ter mais esse tributo pelo menos até a próxima mudança de decisão do governo - diz Creuza.

Segundo Rogério Jonas Zylbersztajn, vice-presidente da RJZ Cyrela, uma das maiores construtoras do país, há uma possibilidade de redução de preços dos imóveis com o fim da cobrança da CPMF:

- Ainda temos de analisar os impactos do fim do tributo, mas há uma tendência de preços menores.