Título: Discreto candidato a candidato do PT
Autor: Doca, Geralda; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 17/12/2007, O País, p. 4

Gestor do Bolsa Família não fala em eleição.

BRASÍLIA. Tocador da principal política social do governo - o Bolsa Família - o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, é lembrado, ainda que timidamente, como mais um dos nomes do PT para a sucessão do presidente Lula, além da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Patrus, à moda mineira, porém, não quer nem falar em candidatura presidencial. Ao menos neste momento. Mas políticos e assessores não escondem o desejo de vê-lo recebendo a faixa em 2011. E defendem seu nome abertamente. Ato falho ou não, o vice-presidente José Alencar, ao referir-se ao ministro num evento público na noite da última sexta-feira, o chamou de "presidente Patrus".

Mas o ministro sofreu um baque semana passada com a rejeição da CPMF pelo Senado. O torpedo o atingiu em cheio. Só neste ano, a contribuição representou um terço do orçamento do ministério, cobrindo 87% das despesas do Bolsa Família, que beneficia 11 milhões de famílias ou 45 milhões de pessoas.

O que Patrus garante é que não será candidato a prefeito de Belo Horizonte em 2008. Já passou por esse cargo (1993-1997) e considera o posto coisa do passado. O ministro, de 55 anos, deixou a prefeitura com popularidade em alta. Em 2002, esteve cotado para vice de Lula. Candidato a deputado federal, elegeu-se com a maior votação da história de Minas Gerais: 520.048 votos. Na Câmara, Patrus teve atuação discreta. Não gostou da experiência. Considera-se um político de Executivo. Em janeiro de 2004, na esteira do fracasso do Fome Zero, assumiu o Ministério do Desenvolvimento Social na condição de superministro, com a tarefa de unificar as políticas sociais.

O Bolsa Família tornou-se o maior cabo eleitoral de Lula, mas Patrus continua pouco conhecido da população. Na última pesquisa CNT/Sensus para a sucessão presidencial, em outubro, ele apareceu com apenas 0,3% das intenções de voto, em 19º lugar, entre 22 nomes.

Muito religioso, Patrus é seguidor dos filósofos Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, sempre presentes nos discursos do ministro. No dedo anular esquerdo, ele usa um anel de coco, de cor preta, semelhante a uma aliança, que simboliza a opção pelos pobres.