Título: Tatto: PT tem que ter mais espaço na articulação entre governo e Congresso
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 17/12/2007, O País, p. 5
Candidato à presidência do partido diz que derrota no Senado indica problema.
SÃO PAULO. O deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP) defendeu ontem mais espaço para os petistas na articulação política entre o governo e o Congresso Nacional. Candidato de oposição na eleição interna para presidente nacional do partido, Tatto disse que a derrota do governo na aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) expõe os problemas de coordenação entre o governo e a base aliada, cuja relação precisa ser reavaliada.
- Acho que é bom para o governo ter alguém do PT (nas lideranças do Senado e da Câmara ou no Ministério da Coordenação Política). A prova está aí. O principal projeto do governo, de R$40 bilhões, nós perdemos, certo? Então, tem um problema. Agora, se vai colocar alguém do PT ou se vai continuar, é o presidente que decide - disse Tatto, ao votar ontem de manhã, em seu reduto eleitoral, na Capela do Socorro, zona sul de São Paulo.
Para ele, quando o PT é afastado do governo, acaba por atrapalhar os planos de Lula.
- O PT é a cara do governo, é o principal partido da base aliada e tem força política. Se você tem força política e essa força é deixada de lado, acaba atrapalhando o governo. Não é bom para o país.
O deputado criticou os senadores da base aliada que votaram contra a CPMF.
- Como é que você tem uma base aliada com 57 votos e perde a votação? É um problema de coordenação dos partidos. Tem de dialogar. O que não pode é fazer parte do governo, ter as benesses do governo, ter cargos no governo e votar contra o governo - reclamou.
Jilmar Tatto chamou de "irresponsabilidade" a reprovação da CPMF no Senado e pediu mais impostos para os ricos, em vez de cortes na área social e na saúde:
- A oposição não pensou no país. Pensou nela.
Candidato teve metade dos votos de Berzoini
Tatto - que faz parte da corrente PT de Luta e de Massas (PTLM) - obteve na primeira prévia cerca de 37% dos votos, contra 62% de Ricardo Berzoini, atual presidente nacional do PT, apoiado pelo presidente Lula e representante do antigo Campo Majoritário, hoje chamado Construindo Um Novo Brasil (CNB). Tatto prefere dizer que reúne as forças de oposição, já que, no primeiro turno, as chapas contrárias a Berzoini somaram 55% dos votos.
- Os governadores, os ministros, quem é da chapa branca está apoiando o Berzoini. A parte que quer renovação, que quer um partido militante, está declarando voto em mim.
O deputado admite que a maioria dos votos da Mensagem ao Partido - corrente liderada pelo ministro Tarso Genro (Justiça), que teve o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) como candidato - migrou no segundo turno para Berzoini.