Título: Tarso: sombra de FH influiu em rejeição à CPMF
Autor: Rodrigues, Lino
Fonte: O Globo, 15/12/2007, O País, p. 3

Ministro diz que ex-presidente inveja desempenho de Lula.

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, Tarso Genro, chamou ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de revanchista e invejoso por ter, segundo ele, liderado o movimento da oposição para derrubar a CPMF. Antes da votação, na quarta-feira, Tarso declarou que teria de "rebolar" para manter, sem a CPMF, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). Para o ministro, Fernando Henrique tem inveja dos bons resultados do governo dentro e fora do país.

Para Tarso, o fim do imposto é um desgaste político para o governo, mas o prejuízo maior recairá sobre a sociedade, sobretudo a parcela da população que precisa recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).

- É visível que por trás desse movimento (que derrubou a CPMF) tem a sombra do Fernando Henrique, que não admite que o Lula é melhor presidente que ele. Que o governo do presidente Lula retirou o país da estagnação. Que o governo do presidente Lula é muito mais respeitado internacionalmente que o governo dele - disse Tarso, após solenidade de formatura 700 novos policiais federais na Academia Nacional de Polícia.

Sucesso do governo Lula provoca dor em FH, diz Tarso

Para o ministro, Fernando Henrique estaria tentando prejudicar o governo porque não suporta o sucesso do governo Lula nos indicadores econômicos e sociais. Na última convenção nacional do PSDB, em Brasília, coube ao ex-presidente os ataques mais duros ao presidente Lula. Na quarta-feira, Fernando Henrique teve atuação decisiva nos bastidores para fazer com que bancada tucana no Senado votasse em peso contra a CPMF. No dia seguinte à votação, alguns tucanos, entre eles Fernando Henrique, admitiam a possibilidade da volta do imposto.

- Essa atitude de Fernando Henrique demonstra que ele estava era fazendo uma revanche, não só da derrota que sofreu politicamente com a não eleição de seu candidato, mas também com a derrota que está sofrendo no íntimo, na sua dor que ele vem expressando pelo fato de que o governo Lula tirou o Brasil do atoleiro que ele deixou. Isso dói muito nele - disse.

O ministro argumenta que, com a perda de R$40 bilhões provocada pelo fim da CPMF, o governo deixará de fazer investimentos, sobretudo na Saúde. Tarso Genro disse, no entanto, que não sabe se os futuros cortes terão reflexo no Pronasci, um conjunto de quase 100 ações com previsão de investimentos da ordem de R$6,7 bilhões nos próximos três anos.

- Espero que o Pronasci não sofra nenhum corte, até porque o presidente Lula já orientou o ministro Paulo Bernardo que preserve o PAC e as políticas sociais do governo. E essa nossa política de segurança pública é uma política integrada com as políticas sociais.